Ainda sobre a superprodução de livros no Brasil


 

Fotos de Wilton Junior

Eu estava fora de São Paulo quando fechei a reportagem sobre superprodução de livros no Brasil, capa do Sabático da semana retrasada. Tinha pautado, com a autorização da Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record, fotos dos livros estocados no armazém que a Record precisa desocupar nos próximos meses – tanto Luciana quanto Sergio Machado, dono do grupo, sabem a dimensão do problema, para o qual ainda não encontraram solução, e falaram sobre ele mais abertamente do que eu poderia pensar e do que outros editores teriam coragem de falar. São as imagens do armazém, na zona norte do Rio, que ilustram este post. Não houve tempo de incluí-las na edição impressa.

Durante a conversa, o Sergio Machado lembrou que, nos EUA, acontecem leilões de obras encalhadas para empresas que as distribuem para venda em saldões. Algo importante a se lembrar nessa questão é a força da cadeia produtiva em decisões como essa – a avaliação de livreiros é a de que saldões pode estrangular o mercado. A tradutora Denise Bottman argumentou ainda que a venda de sobras para reciclagem gera faturamento para as editoras, ao contrário da doação (por engano, escrevi “lucro”, palavra que ela não usou, mas está devidamente corrigido).

Com certeza, a questão de perder menos dinheiro entra nessa conta, mas não se pode negar que não é fácil achar instituição disposta a receber esse tanto de livros das imagens – vale destacar que essa é só uma parcela de uma quantidade muito, muito maior de livros encalhados no País. Lembro que o Toninho, meu colega na cobertura de literatura do Estadão, comentou meses atrás ter ouvido sobre escolas públicas que têm caixas e caixas de livros doados fechados, sem ter o que fazer com eles.

Por último, é sempre bom ressaltar que incinerar, em vez de reciclar, é um método também usado. É a busca pelo menor prejuízo: entre estocar e jogar tudo fora, jogar tudo fora sai mais em conta.

Para quem quer ler mais sobre o assunto, o juiz Marcelo Semer repercutiu a discussão dias atrás em sua coluna no Terra Magazine. Nos comentários do post com a reportagem também há muitas opiniões e argumentos que valem a leitura.

 

59 Respostas

  1. Raquel, fico feliz com o impacto causado pela sua reportagem – a maioria dos leitores certamente não ponderava sobre a complexidade da questão no país. Cursei Letras recentemente e, nos estágios, deparei-me com muitas escolas que trocaram o espaço físico no qual costumava ficar a biblioteca por uma sala de informática. Em uma delas, os livros foram todos encaixotados e despejados em um depósito nos fundos do prédio. O triste é: alunos e professores têm conhecimento dessa questão e pouco se importam. Os livros didáticos que o MEC aprova e, ato contínuo, envia para as escolas, na maior parte das vezes, nem são retirados do plástico que os embala. Espero que a discussão suscitada continue e ganhe mais atenção. Parabéns, novamente, pela iniciativa. Att, Francisco.

    • Você é professor, Francisco? Como sabe dessa história dos livros que não são desembalados? Sabe exemplos específicos? Obrigada pelo comentário, beijo!

    • Raquel, atualmente não exerço a profissão – terminei a graduação há poucos meses e ingressei em um programa de Mestrado. De qualquer forma, os casos dos livros que sequer deixam a embalagem são, infelizmente, mais comuns do que podemos imaginar. Já presenciei isso enquanto aluno do Ensino Médio (há cinco anos atrás) e, recentemente, enquanto estagiário. No curso, pude mudar a minha visão e, independente de posicionamento político, vejo o esforço do governo para fazer com que esses livros didáticos cheguem até os professores. O problema começa após a sua chegada – ou porque a escola adotou algum livro e, por comodismo ou tradição, abdica da possibilidade de trocá-lo por outro que melhor atenda às necessidades dos alunos ou pela falta de interesse dos professores, mesmo (questão muito mais profunda do que o âmbito da motivação profissional). De qualquer forma, na última escola que realizei o estágio puder “conhecer” o que sobrou da biblioteca e constatar o destino dos livros enviados para análise.

  2. Olá Raquel,

    Muito boa a reportagem sobre a superprodução de livros. Luciana e Sergio realmente foram corajosos ao explicitar um problema que deve angustiar a maioria das editoras. Como autora, me dá arrepios imaginar livros destruídos. Seria muito interessante se o MEC e governos estaduais e municipais se juntassem para produzir uma política para esses estoques de livros não utilizados. Não se trata de salvar o prejuízo das editoras, mas de estudar se parte dos livros acumulados não poderia ser aproveitada para guarnecer bibliotecas públicas, escolares e universitárias, a baixo custo.

    • Obrigada, Anabela! Pois é, a ideia é abrir espaço para essa discussão. Mais uma vez cito o Francisco sobre livros que não são nem retirados da embalagem. A coisa é bem mais problemática do que possa parecer…

  3. Entre incinerar e jogar tudo fora, melhor doar!

  4. Puxa vida… é muito livro. Bem que eles poderiam doar alguns para mim. Eu ficaria muito feliz.
    Por que as editoras não devolvem os livros aos seus respectivos autores? Acho que isso resolveria definitivamente o problema de armazenamento.

    • Oi, Fernando! Os autores têm o direito de pegar de volta, parece. O problema é: onde estocar milhares de livros, sendo você uma pessoa física? Teve um caso que ficou conhecido no ano passado, da Chantal Dalmass, que pegou 4.000 livros de volta na Planeta e saiu distribuindo na rua. Pra quem tem tempo e paciência, pode ser uma saída (só não saberia dizer quantas das 4.000 pessoas que receberam o livro de presente de fato pararam para ler…). Beijo, Raquel

  5. Claro que o lógico é pensarmos “Por que incinerar em vez de doar?”, mas a doação envolve uma logística e, consequentemente, um custo com o qual as empresas não vão querer/poder arcar.

    Independente disso, gostaria de destacar uma frase do texto, que considero o maior dos absurdos: “escolas públicas que têm caixas e caixas de livros doados fechados, sem ter o que fazer com eles”.

    Como assim “sem ter o que fazer com eles”?

    Além de servir de calço para móveis, livros têm uma segunda função básica: serem lidos. Escolas têm alunos, que supostamente sabem ler ou deveriam estar aprendendo. Por que alguém da escola não pega o livro, coloca na frente do aluno e diz: VAI!!!

    Sei que parece estranho, unir alunos e livros, mas talvez eles devessem tentar.

    Desculpe a ironia, Raquel, mas está tudo muito errado…

  6. Raquel,

    Fiquei petrificado pela sua reportagem.

    Já sabia que o consumo de livros pelo mercado brasileiro era baixo se comparado a outros paises (Argentina, por exemplo)… mas agora, saber que existem livros encalhados sem destino apropriado, me chocou …

    E igualmente me choca saber os comentários de outros leitores sobre bibliotecas desativadas em escolas públicas ou livros didáticos sequer desembalados…

    Eu mesmo sinto este problema na minha pele. Por anos colecionei livros e agora, quando preciso me mudar para um apartamento menor do que a casa de meus pais, não tenho a menor idéia do que fazer com meus livros, apesar de amar muito os mesmos, pois fizeram parte de minha formação cultural.

    Talvez seja uma sugestão muito ingênua a minha .. mas fico pensando se as editoras não poderiam entrar em contato com embaixadas de outros países de lingua portuguesa e fazer uma “espécie de exportação/doação internacional” destes livros, subsidiada pela ONU, OEA, UNICEF ou algum outro órgão internacional. Assim, não haveria impacto catastrófico no mercado editorial interno e poderia-se levar a cultura a países da África ou do Oriente.

    E pena constatar este “desperdício” de cultura .. talvez a futura adoção do livro digital possa no futuro resolver este problema físico.

    Abraços,

    Sergio

  7. Raquel, De novo, parabéns pela matéria. Esse assunto é mesmo tabu no meio editorial. A cada 10 livros lançados ao menos 7 encalham. É o real. E nada tem a ver com preço: tem coisa que cai no gosto do povo, tem coisa que não. Sem contar o chatíssimos livros acadêmicos, que só o autor e a sra. sua mãe leem, Tem gente especializada em comprar e vender saldos. Eu mesmo comprei lotes de grandes editoras via intermediários. Acho que você deveria localizar esses caras e conversar com eles. Em Sampa tem dois bambas no ramo. Sergio Machado anda dando algumas machadadas nos concorrentes. Seu humor mudou desde que deram o prêmio Jabuti ao Chico Buarque, que ficou mais conhecido como Chiquinho do Cágado. Continue firme, suas matéria têm sido excelentes.

  8. Raquel, de fato é uma pena incinerar livros, porém o ideal seria que as editoras equilibrassem a oferta com a demanda, e além do mais livros são caros eles poderiam fazer promoções exemplo: Leve X+Y e pague apenas X.

  9. Talvez se o preço dos livros fosse mais barato no Brasil, este problema do encalhe poderia ser minimizado. Nos Estados Unidos um livro na forma “paper back” custa algo entre $8,00 e $12,00. Pode ser até que no Brasil, além da escala ser menor do que no mercado americano, a falta de hábito de leitura – que deveria vir dos tempos de escola – também contribua para que as vendas fiquem aquém do previsto, e resulando assim em elevados estoques de obras “encalhadas”. Não sei o peso dos impostos sobre um livro no Brasil, mas talvez aí esteja uma das causas do prêço elevado. Quem sabe com o aumento do número de pessoas tendo comprado o seu tablet ou algo semelhante, o interêsse pela leitura cresça e com isso as vendas de livros digitais – que deveriam ser bem mais baratos do que os em papel – faça o mercado aumentar. É claro que as editoras e livrarias terão que se adaptar a esses novos tempos. Outra possibilidade é a da impressão de livros por encomenda.

  10. Uma curiosidade minha: como se define a quantidade de livros que serão impressos? Parece-me que estão errando (e errando feio) na estimativa!

  11. Nossa, não sabia disso! Fiquei impressionada.
    Eu acho que as editoras deveriam baratear os livros, para que mais pessoas pudessem comprar. Assim não ficaram estocados.
    Além de que, poderiam doar pra quem quisesse os livros, colocá-los a disposição de quem quiser pegá-los. Óbvio, não todo o estoque, mas se a maioria de nós que gostamos de ler pudesse pegar algumas obras, acho que logo logo iria esvaziar tudo isso aí!
    Gostei muito da reportagem, algo que não é tão comum de se ler e que é interessante.

  12. Excelente matéria…!
    E enquanto isso, meu amigo Jonas Banhos luta, sozinho, pra arrecadar livros e levar um pouco de cultura, cidadania e educação às comunidades ribeirinhas do Amapá, chegando a viajar 10h de barco, pra levar os livros.

  13. Triste em todos os sentidos, é o mesmo sentimento que temos ao ver uma safra de feijão ser despejada em aterros sanitários.

    Agora diferente de uma safra que depende de vários fatores externos, uma produção industrial não. Onde está a gestão profissional nessas editoras? Como é que não se faz um planejamento de produção? Os empresários vivem reclamando dos impostos altos e dizendo que o governo gasta mal. Porém são em situações como essa que provamos o quanto nossas industrias são despreparadas, e por isso os preços de tudo aqui são tão altos.

    Também é triste o fato que não basta apenas doar, a grande maioria das crianças infelizmente receberiam esses livros e fariam a mesma coisa que as maquinas picotadoras das empresas e o pior é que os picotes de papel seriam espalhados pela rua.

    Gostaria de acompanhar melhor esse problema.

  14. Como a Amanda e a Carla, eu também me interessei em receber doação destes livros condenados à fogueira. Isso é um crime! Destruir obra intelectual é o mesmo que desprezar a cultura. Mas a questão permanece: como fazer chegar estas obras às Amandas, Carlas e Elianes? Que tal uma parceria empresas distribuidoras e editoras (do governo não adianta se esperar nada). Através da criação de um site de doação, o interessado pediria quantas obras quisesse e pagaria o transporte delas.

  15. Parabéns pela reportagem, sou estudante de Biblioteconomia, e o processo de produção de um livro é muito mais complexo do que parece, o maior dos problemas em doar não é apenas a logística, tem a questão dos direitos autorais, doar exige uma despesa muito grande para editoras, tem a questão cultural sobre o hábito de leitura no país, a falta de politicas publicas que incentivem o hábito, e a dissociação que as instituições escolares fazem do livro. A febre do momento é ler frases curtas… Uma pena, porém existe solução a médio e longo prazo.

  16. Quantas árvores tombadas para uma nobre causa e que agora virarão cinzas! Acredito que um planejamento errado cause esse tipo de problema. Ao invés de publicarem numa única edição tantos livros, seria mais sábio edições menores e de acordo com a demanda, em número maior!

  17. Li a reportagem, comentei com os amigos e levei a página ao trabalho. Colei-a no mural para que todos pudessem saber a dimensão do problema. Parabéns à jornalista e a todos os que participaram da matéria.

  18. Alguém me explica por que os livros são tão caros no Brasil? Livros de autores brasileiros na Europa e EUA são mais baratos que aqui. E livros têm imunidade de impostos. O que ocorre?

  19. Raquel, parabéns por abordar o assunto que é grave e pouca gente conhece. Eu publiquei alguns livros infantis alguns anos atrás e senti na pele como é difícil vender mesmo tiragens pequenas, difícil viver disso. As gráficas têm quantidades mínimas de impressão (em geral mil exemplares). Além disso, no caso dos autores nacionais, a estratégia de marketing das editoras é lançar para ver no que dá, não tem pesquisa nem divulgação. Aí na maior parte das vezes o lançamento encalha. É uma pena gastar tanto papel e ver a cultura morrer no silêncio de um depósito.
    Sem dúvida, o livro sob demanda é uma solução para o futuro, mas vejo as editoras antes com medo do que capitaneando a mudança.
    Abraços.

  20. Será isso mesmo? No primeiro mundo, após lançarem as edições mais caras, o livro é lançado nas versões mais simples, que todos podem comprar. O público daqui, remanescente da velha classe média, não aceita esse tipo de material mais barato. E fica nisso. Noutro dia, paguei R$70,00 pela Gramática Filosófica de Wittgenstein. É muito caro para um hábito corrente. Não adianta o livro não pagar imposto, mas a editora, a distribuidora, a gráfica e a livraria pagarem os impostos escorchantes do país. Nenhum país do mundo vai criar hábitos generalizados de leitura na população com livros a 50 dólares. Mas quem realmente se importa com isso?

  21. O mercado mudou. Estamos entrando na era do livro digital e da impressão sob demanda. O Brasil não poderia continuar a lançar 2 mil títulos novos por mês. O mercado não aguenta isso. As editoras tendem a trabalhar com edições pequenas para evitar o problema de logística e com equipamentos gráficos apropriados para essas tiragens. Com isso, estão aparecendo no mercado títulos excelentes, de autores praticamente desconhecidos vendendo online, como o http://carlosupozzobon.blogspot.com/2011/09/um-dia-na-vida-o-diabo-duvida.html

  22. Parabéns pela matéria, Raquel. Acredito que, se fizerem um trabalho sério, vão encontrar lugar para esses livros. Pessoas como o “Jonas Banhos” — citado acima, que distribui livros para as comunidades ribeirinhas do Amapá — ou gente como o pessoal do projeto “Achei um livro”, também citado acima, sabem muito bem o que fazer com esses livros. É só perguntar pra eles.

  23. Absurdo, gente o livro no Brasil é muito caro pra maioria das pessoas, todo inicio de ano ao comprar material escolar os livros do meu filho custam um absurdo de tão caro ! Tem familias q parcelam os livros em varios meses pra pagar e tem pais q não compram os livros pq não tem condições. Sinceramente um absurdo q estes livros encalhem e sejam vistos como estorvos, ainda mais em um pais q precisa de educação, brasileiros mal sabem ler/ entender/ interpretar corretamente . Realmente o problema é gravissimo, pena, me deu pena ao ler esta reportagem. Eu AMO LER, todo mes fico fuçando nos sites livros pra comprar. Triste realmente vou torcer para q seja achada uma solução DECENTE para estes livros.

    • Olha eu há 2 anos atras deixei de assinar revistas de qq tipo para comprar livros e fazer minha pequena biblioteca . E tenho orgulho de ter feito isso. Sinto q não perdi nada somente ganhei conhecimento. Todo mes em vez de “pagar revistas superficiais” eu compro livros com “conteudo” e leio com todo prazer!!!

  24. Alguma coisa está errada: tanta cidade/escola/universidade no país sem biblioteca, tanta gente que não tem acesso aos livros e para as editoras esses imensos estoques são um problema … mais barato destruir que estocar ou doar … ai se o MEC funcionasse!!! Eu lembro do prazer que sentia na minha época de colégio de semanalmente ir na biblioteca devolver um livro e pegar outro emprestado pra ler. Navego bastante na internet, mas ainda hoje, além de comprar livros (ADORO) sou sócia de biblioteca e pego livro emprestado para ler. O problema é a falta do hábito de ler.

  25. Ja faz 20 anos lancei meu primeiro livro, e de la para ca mais 5 ,nunca consegui uma editora-logico que elas querem vender. Editei por conta propria- estao nos sebos ,que hoje ficam online. O livro nao vai acabar. A Record deve mudar sua linha- muita ficcao sobre ficcao que vira,nova Caverna de Platao

  26. E o pior é que, vira e mexe, vou tentar comprar um livro e não há em estoque no distribuidor / editora…

  27. No exterior a edicao de livros e consequentemente, tambem esta passando por uma crise irreparavel.
    O sucesso do I-PAD e similares dispositivos para a leitura de livros digitais, juntamente com o fenomeno da Internet, nesta economia contida em que o pais esta passando, colocaram em falencia a segunda maior rede de Livrarias nos EUA, a “Borders Books and Music”.
    Gostaria de mencionar um livro didatico basico como a “caminho suave” que tinha um carater permanente e re-usavel. Passou de minha irma mais velha para mim e entao para minhas irmas menores…
    Agora, a industria do livro esta para o profissional da educacao com poderes de adocao de material didatico, assim como a industria dos remedios esta para o medico com poder de prescricao de drogas.

  28. Raquel, conhece a Lei Federal 12.444, assinada pelo Presidente Lula em 25/maio/2010? Esses livros mostrados na sua reportagem poderiam ajudar a criar aquelas Bibliotecas todas que essa Lei recomenda.

  29. Parabéns pela reportagem, Raquel, e grato pelo alerta.
    Este problema poderia ser minimizado, ou mesmo solucionado, digitalizando-se boa parte ou todos os livros encalhados, transformando-os em livros digitais. Como o único título que editei pela Record só existe no formato impresso, vou tratar de recolher os volumes que ainda restam no depósito da editora (muito poucos, felizmente) e estocá-los em minha casa na Serra fluminense. E torcer para que um dia ele renasça Kindle, a garantia de que jamais sairá de catálogo e sempre poderá ser adquirido e lido via internet.

  30. Há 17 anos meu marido e eu arrecadamos livros aqui em SP, para ajudar a organizar Bibliotecas em QUIXABA-PE., Região do Alto Sertão do Pajeú. Poderíamos receber um pouco desses livros mostrados no seu artigo? Eles seriam muito bem vindos em Escolas Públicas, Comunidades Quilombolas, Associações de Moradores, Presídios, Conselhos Tutelares, Associações de Mulheres Artesãs, Creches Públicas…Raquel, continue escrevendo sobre livros!

  31. prezada raquel: apenas a título de esclarecimento, e talvez fosse interessante vc retificar na matéria. não me lembro de ter escrito em lugar algum – nem mesmo em nossa troca privada de emails, que reli atentamente – que vender para reciclagem ou sucata “gera lucro para as editoras” – seria uma sandice, uma demonstração da mais absoluta ignorância imaginar que vender estoque para sucata gera algum centésimo de lucro em qualquer lugar do mundo para qualquer empresa que seja.

    minha afirmação foi que vender para reciclagem gera FATURAMENTO, o que é muito diferente de LUCRO.

    e esta afirmação não foi feita em troca privada de emails, e sim publicamente, em meu blog. reproduzo o trecho:
    “quando uma editora fala em transformar seus estoques em aparas, imagino que isso significa que ela vende seus encalhes para empresas de sucata e reciclagem, não? aí é evidente que qualquer doação sempre será um prejuízo, em comparação a uma operação de venda, que gera faturamento. ou estou enganada?” – http://naogostodeplagio.blogspot.com/2011/08/encalhe-destruicao-etc.html

    agradeceria que você publicasse esta retificação na matéria principal
    atenciosamente,
    denise bottmann

  32. prezada raquel: agradeço a retificação.
    atenciosamente
    denise bottmann

  33. Parabéns pela matéria!!!
    Sou coordenador de um movimento que liberta livros em inúmeros locais do Estado do Rio de Janeiro e, diariamente, recebo pedidos de livros. Talvez possamos mobilizar alguns empresários e consegurmos levar parte significativa desses livros para as comunidades em que estamos trabalhando a formação do prazer da leitura através da LIBERTAÇÃO DOS LIVROS, sem atravessadores. Coloco-me à disposição da Luciana e do Carlos para colaborar. Vamos nos mobilizar!!! Um abraço e viva a leitura!!! Viva a LIBERTAÇÃO DOS LIVROS!!!!
    João Luiz de Souza.
    Assessor de Cultura da UNIVERSO-www.universo.edu.br
    http://www.corujaodapoesia.com

  34. A questão é complexa e penso que começa com a decisão da editora em editar um livro, passando pela tiragem(número de exemplares), cenário concorrencial e finalmente chegamos ao encalhe. a doação é outro problema pois penso que a obra deve ter um elemento pedagógico ou conteúdo para uma escola disponibilizá-la ao aluno. Um grande obstáculo no Brasil é o preço que se paga por um livro e se com toda essa sobra estão sobrevivendo penso que há lucro e um negócio visa isto. Portanto minha percepção me sinaliza que tudo flue. O prazer de ter um livro nas mãos é inenarrável. Parabéns pela reportagem, nos leva a mais reflexão sobre a falta de projeto de cultura no país.

  35. É o cúmulo!! Sei que no Brasil tem muita porcaria em forma de livro,mas um trabalho literário não devia terminar assim…Por que não doam para instituições de caridade – as tais ongs- nos hospitais e principalmente escolas públicas,presídios etc.
    Minha nossa, é só dizer onde estão e já vai uma multidão atrás desses livros encalhados,aproveitar a oportunidade de apreciar uma leitura.
    Melhor do que incinerá-los ou reciclá-los,não?
    Tanta gente nesse país precisando se instruir através de livros,nas favelas e nas casas bonitas,e outros querendo destruir a vontade de ler.

  36. Angola precisa, também Moçambique, Guiné-Bissau, São tomé e Príncipe, Timor… Até países de língua espanhola poderiam se beneficiar. Bem que o Itamaraty poderia cogitar de algo assim. Só depois de mandar uma metade disso para lá, via Marinha do Brasil conversaríamos sobre o óbvio:

    Cadê o vale-cultura? Vai rolar, não vai, em que pé ficou?

    Quanto à “solução final” (aqueles livros que ninguém quer MESMO), reciclar. Óbvio!

    OBS: o problema seria no ano seguinte, as editoras já imprimindo para receber a teteia do governo…

  37. GOSTARIA DE VER
    ESTES LIVROS NAS MÃOS DOS PRESIDIÁRIOS,

  38. O grande problema das doações é que: elas vão saindo aos pouquinhos. Isso mantém o problema do depósito – que custa – além de acrescentar um custo de logística. Quem vai transportar os livros do depósito até o local da doação? Transportar livro não é barato, já que o livro é um objeto pesado.
    O melhor é a reciclagem que é usada nos Estado Unidos – vai tudo para a máquina e vira polpa novamente. Com isso se abre espaço para novos títulos. Essa historia de doar livro encalhado é apenas uma maneira das editoras terem lucro com o encalhe! Se ninguém quer comprar, vai botar na Biblioteca para que? Para juntar poeira e dar trabalho de manutenção. Fazer biblioteca com livro encalhado é o fim da picada. O péssoal acha que a livro doado não se olham os dentes? Uma pessoa que já não gosta muito de ler, chega numa bibliioteca e só encontra encalhe.. Nunca mais volta e com razão. Um livro encalha quase sempre por um motivo. Vamos desmistificar essa historia de que ´so porque é livro, tá impresso, então é bom! Tem livro impresso que é ruim mesmo!
    Eu que compro uma média de 12 a 16 livros por mês, sei bem disso.Então, se encalha, tem algum motivo.

  39. Apesar da boa vontade da Record de discutir o problema, ela é uma das maiores culpadas por esse abarrotamento de livros. Ela lança de 50 a 70 livros por mês, faz campanhas publicitárias para chick-lit e literatura infanto-juvenil mas esquece dos relançamentos e obras de referências – os quais, depois de um ano, acabam parando nas bancas, onde o preço fica entre R$ 9,90 e 14,90. No entanto, sou obrigado a fazer uma pergunta: quanto exemplares impressos, mais barato fica para a editora? Só assim para explicar como os livros da coleção de textos jornalísticos de Gabriel García Márquez foi parar em tudo quanto é banca.

    • Bruce, eu definitivamente gosto das suas opiniões! rs. Ok, acho interessante a opinião de muita gente aqui, mas você tocou num ponto importante: sim, a Record é das mais agressivas, se não a mais, nesse sentido. Isso eu deixo claro na reportagem, embora alguém de má fé possa preferir acreditar que defendo a indústria, mesmo tocando num tema tão desagradável para as editoras. Sobre tamanho de tiragem e preço, entram muitas variáveis aí, mas até certo ponto a tiragem maior deveria tornar o preço mais baixo, sim. Tem um limite ali nas centenas de milhares em que já não faz diferença.

    • Obrigado pela resposta, Raquel. Essa é uma dúvida que sempre me passa pela cabeça quando vejo o preço de um determinado livro. Só para você ter uma ideia, há anos estou namorando um exemplar de “Terroristas do Milênio”, de J.G. Ballard, lançado pela Companhia das Letras. O preço? Meros (!) R$ 57 por pouco mais de 300 páginas. Eu não me incomodaria de pagar, mas quando vejo outros livros que também valem a pena por um preço mais barato, decido comprar esses livros. Com R$ 60 posso comprar três pocket-books em português ou mesmo oito pockets em inglês, dependendo da editora! Aí eu penso, “bom, a tiragem de Ballard deve ser menor, pouca gente conhece sua obra no Brasil”. E então lembro de quanto custava o último livro da série Harry Potter quando foi lançado: R$ 60! Seria possível alguém do meio livreiro me explicar a conta feita (desde os royalties e impressão até o que fica para a livraria) para decidir o preço de um livro?

  40. Difícil de entender algumas coisas…
    Livros sobrando lá
    Alunos sem livro aqui
    Promessa de Tablet acolá
    E alunos aí apenas aí
    Sem livro
    Sem atendimento
    Apenas com suas dificuldades
    Companheiros de seus distúrbios
    Amanhã, todos adultos
    Muitos sub-empregados
    Cuidando do nosso futuro mundo…

  41. Pessoas, depois leio tudo com calma e respondo, que agora tá complicado…

  42. Se as editoras não dessem a lume tanta porcaria (a Record principalmente) isso não estaria acontecendo. Todos sabem que quantidade não quer dizer qualidade.

  43. Olá Raquel.

    Um assunto, acredito eu, (com exceção dos livros didáticos encalhados em Escolas) deixado de lado. Mas levanto uma questão óbvia: o encalhamento se deve ao aumento da produção ou a diminuição do consumo? Seria reflexo do livro digital ou da alteração do modelo de “Transporte do Conhecimento” (do livro físico para a WWW)?

  44. Concordo com Cesar, embora nao conheco. Mas qual a porcentagem de ensaios,( tentativa de dizer a verdade, desde Montaigne) , a Record publica ?- E cai na Caverna de Platao- ( ficcao da ficcao)

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