Intervalo profissional

Esta biblioteca ficará em recesso durante a Flip. Até domingo, postarei somente no blog do Estadão na Flip. Vê se vai lá. Mas é pra voltar pra cá no dia 9.

O homem foge

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Mais velho e menos famoso por aqui que David Grossman e Amós Oz – os conterrâneos com quem divide o título de maior nome da literatura contemporânea israelense e com os quais aparece na foto acima – , Abraham “Bulli” Yehoshua, a.k.a. ierroxúa para nós que não falamos hebraico, quase não chamou atenção ao ser confirmado para a Flip deste ano.
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Mas tenho cá para mim que a mesa dele com a iraniana Azar Nafisi será das melhores desta edição. Porque ele tem opiniões fortes e irredutíveis, como na defesa que faz do sionismo, e ao mesmo tempo é um velhinho simpático e de oratória deliciosa. E ela, por sua vez, está entre as autoras mais interessantes que já entrevistei (para texto publicado no início do ano no Caderno 2). Conversei com o Yehoshua na semana passada para o texto abaixo, que saiu no último final de semana e eu não tinha conseguido parar para postar aqui até agora.
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(By the way, o título do post é uma referência ao A Mulher Foge, do David Grossman, pela semelhança na atitude de personagens centrais desse livro e de Fogo Amigo, do Yehoshua, que está saindo por aqui)
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[Publicado no Sabático de 18/7]
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Lamentos de uma crise milenar
RAQUEL COZER
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“Posso dizer que estou cansado disso, mas não tenho como escapar”, diz ao telefone o escritor israelense A.B.  Yehoshua quando questionado se, assim como Yirmiyáhu, personagem de seu romance Fogo Amigo, alguma vez pensou em fugir do peso da realidade de seu povo.  No que diz respeito à história de vida do autor, a interrogação é algo provocativa.  Sionista convicto, integrante da quinta geração de uma família de judeus sefarditas radicada em Jerusalém desde muito antes da criação do Estado de Israel, Yehoshua feriu os brios da comunidade judaica internacional ao afirmar, alguns anos atrás, que a completude da vivência em sua religião é possível apenas na Terra Prometida.  Em outros territórios, a possibilidade seria somente a de “brincar de judaísmo”.
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Mas, ao discorrer sobre o personagem que na trama de Fogo Amigo se esconde na África para esquecer o próprio passado, o escritor deixa claro que a motivação para uma fuga seria compreensível hoje mesmo para alguém que, como ele, incentiva a migração de judeus para Israel. “As emoções de Yirmiyáhu são colocadas de forma intensa, mas, a exemplo dele, estamos todos fatigados. É algo que sinto em mim e à minha volta; as pessoas estão exaustas da identidade judaica.  Estamos há milhares de anos em conflitos.  Vemos todas as guerras começarem e acabarem, menos a que se desenrola ao nosso redor”, diz o ficcionista e ensaísta ao Sabático de Haifa, onde vive com a mulher, a psicanalista Rivka, e leciona literatura.
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Aos 73 anos, Yehoshua não passa nada da austeridade que suas fortes opiniões sobre o sionismo poderiam fazer pensar.  Pede para ser chamado pelo prenome, Abraham, ao ser questionado sobre a pronúncia correta do nome com que assina (“ierroxúa”). “É um nome respeitável, que está na origem hebraica do nome de Jesus, mas difícil de pronunciar”, concede.  Um dos maiores e mais premiados ficcionistas israelenses da atualidade, ele agora se prepara para uma segunda temporada no Brasil – esteve há muitos anos no Rio e retornará ao País no mês que vem devido ao convite para participar da 8ª Festa Literária Internacional de Paraty.
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Diz ter enorme curiosidade sobre a cidade histórica fluminense, alimentada pelas “maravilhas” ouvidas de dois amigos que participaram de edições anteriores, os escritores Amós Oz e David Grossman. E ri com gosto ao ouvir a sugestão de tirar férias por tempo indefinido nesse lugar que os conterrâneos definiram como “paraíso” – ele se dará o direito de apenas uma esticada com a mulher até cidades litorâneas da Bahia. “Tenho meus filhos, meus netos e minhas responsabilidades em Israel. Mesmo que fugisse, não haveria a possibilidade de a minha mente escapar.  As pessoas me procuram o tempo todo, e, como escritor, eu me sinto na obrigação de criticar, de gritar, de explicar para o mundo o que acontece por aqui”, argumenta.  Propícia, portanto, a mesa da qual participará na festa literária com a iraniana Azar Nafisi (de Lendo Lolita em Teerã), que terá entre seus temas centrais a literatura como caminho possível para culturas em conflito.
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Engano. Fogo Amigo, o romance que sai agora pela Companhia das Letras, é o quinto do autor de A Mulher de Jerusalém (2008) a ser publicado no Brasil. Ao título segue o subtítulo Um Dueto, que Yehoshua define como a base de toda a história.  O duo seria uma espécie de diálogo inconsciente que se constrói ao longo das quase 400 páginas entre os personagens centrais, o engenheiro Amotz Yaári e sua mulher, Daniela, durante o feriado judaico de Hanucá.  Na semana de descanso, Yaári permanece em sua casa, em Tel-Aviv, enquanto Daniela parte para uma viagem de cinco dias à Tanzânia, na África, onde o cunhado (o Yirmiyáhu do parágrafo inicial) mora desde a morte do filho único, Eyáli. É essa morte a origem do “fogo amigo” que nomeia o romance.  Eyáli, assim como cerca de 15% dos soldados  israelenses convocados para a guerra (é a estatística oficial, informa Yehoshua), foi atingido por um colega do Exército.  Em outras palavras, morreu por engano.
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“Escrevendo o romance, fiquei impressionado ao saber como é comum a morte por fogo amigo.  No último conflito em Gaza, houve até mais do que isso.  De seis ou sete soldados israelenses mortos, metade morreu por disparos do próprio Exército.  Quando um jovem é atingido, todos sofrem, mas, se quem deu o disparo está do seu lado na guerra, a dor é redobrada.  Para os parentes, a morte perde qualquer sentido de heroísmo que pudesse consolá-los.”
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Paralelos. Ao construir duas histórias paralelas em pequenos capítulos que intercalam as vivências simultâneas de Yaári e de Daniela, Yehoshua quis deixar na mão do leitor a possibilidade de criar conexões, formulando o que ele define como um terceiro caminho possível dentro do espaço literário do romance.  Conhecido pela linguagem alegórica à qual recorre em seus textos, o vencedor de honrarias como o Brenner Prize (1983) e o National Jewish Book Award (1992) afirma ter elaborado até inconscientemente algumas das ligações entre as duas pontas desta narrativa.
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Um exemplo dessas conexões aparece logo nos primeiros capítulos.  Em Tel-Aviv, o engenheiro Yaári se vê às voltas com as reclamações de moradores de um moderno edifício cujo poço dos elevadores foi projetado por ele.  Por uma razão que desconhece, ventos que entram pelo poço soam para os usuários como assustadores lamentos, uma “fúria contida, que em certos andares muda de tom e transforma-se num pranto tristonho”.  Yaári envia uma especialista ao local, e esta diagnostica com facilidade a origem dos uivos, que estaria em rachaduras no poço.  Ao mesmo tempo, na Tanzânia, Daniela descobre o passado sangrento da sudanesa Sijin Kuang, que teve toda a família assassinada e acredita em espíritos.
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Aqui, um parêntese ajuda a entender a conexão: Yehoshua explica que a inspiração para o poço que grita saiu de uma experiência de seu passado recente, ao comprar um apartamento em Tel-Aviv. “Os elevadores faziam esse som triste.  Sabia que era uma questão estrutural, mas, ouvindo aquilo, me ocorria que os uivos eram resquícios das mortes de civis durante a Segunda Intifada (revolta de palestinos contra a política de ocupação israelense, que resultou em 5 mil mortes de 2000 a 2006)”, conta.  Em Fogo Amigo, argumenta, Yaári nunca fala em espíritos, mas sente-se compelido a resolver a questão mesmo depois que a especialista deixa claro que a responsabilidade não é dele, e sim dos  executores da obra.
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Mas é em Yirmiyáhu, justo o homem que deixa para trás tudo o que Yehoshua não deixaria, que as ideias de autor e personagem parecem mais se aproximar. A princípio reservado e avesso a todas as lembranças de sua terra natal, o cunhado de Daniela exterioriza os fantasmas que o assombram quando a vê carregando uma Bíblia – única leitura encontrada por ela no lugar que o marido de sua falecida irmã escolheu para viver. “Traduza uma página qualquer”, diz Yírmi sobre o livro de Jeremias, “um trecho qualquer, ao acaso, e a violência fica visível num instante.  Uma profecia de destruição, com muito prazer.  Tragédia e morte e canibalismo.” O Deus judaico, descreve o personagem, não age por justiça, mas por ciúme e poder.
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Trata-se de um ódio ancestral que, para A.B.  Yehoshua, nenhum israelita ou palestino poderá resolver. “Acredito que a paz está nas mãos das comunidades internacionais”, afirma o escritor. “Todos sabem a solução: a paz terá de ser imposta.  Estamos como crianças, batendo pés. É preciso que os pais digam: ‘Basta, vocês não terão dinheiro nem apoio se não fizerem da maneira que diremos que tem de ser feito’.”

E a Babel de 24/4

Entre uma e outra nota, estantes decorativas de post. Essa pra morrer de fofura, dos gatos, é uma cortesia Alexandre Matias, garimpada no Bookshelves; a estante em forma de O é do David Garcia Studio, onde cheguei via Twitter do Bruno Porto.


BABEL

Raquel Cozer – O Estado de S.Paulo

Nuvem vulcânica causa edição mais esvaziada de feira

A Feira do Livro de Londres teve a edição mais vazia de sua história graças às nuvens de fumaça expelidas pelo vulcão islandês no dia 15. Com o cancelamento de voos – eles foram liberados apenas no dia 21, o último do evento -, cerca de 70% dos editores não conseguiu chegar à cidade. “Ontem, uma agente inglesa me disse que tinha 15 reuniões agendadas para o dia, mas só eu apareci”, contou na quarta Roberto Feith, da Objetiva, que viajou uma semana antes e descreveu a feira como “um tanto surreal” e “quase sonolenta”. Dos cerca de 40 brasileiros que costumam participar, Feith encontrou apenas dois, Amarylis Manole, da editora que leva o seu nome, e Mauro Palermo, da Globo. Até o encerramento, a Objetiva havia concluído um único negócio, para o selo Alfaguara: True Grit, de Charles Portis, filmado em 1969 e cuja refilmagem, pelos irmãos Coen e com Jeff Bridges no elenco, estreia no fim do ano. Diante do esvaziamento londrino, a expectativa é de que a Feira de Frankfurt, em outubro, será mais concorrida do que nunca.


LITERATURA AMERICANA
William Kennedy no Brasil

A Flip ainda não anunciou, mas William Kennedy está confirmado para o evento, que acontece de 4 a 8 de agosto. A Cosac Naify, que há pouco lançou O Grande Jogo de Billy Phelan, do americano, tem uma edição de Ironweed pronta para pôr nas livrarias, e publica ainda neste ano o terceiro livro do ciclo de Albany que retrata a saga da família Phelan, Velhos Esqueletos.

TRANSMÍDIA
Livro com internet

Ladrão de Cadáveres, primeiro romance inédito de Patricia Melo pela Rocco, será também o primeiro grande lançamento de um autor nacional dentro do conceito de narrativa transmídia, com conteúdo que se desdobra em plataformas. Um blog, que entrará no ar com a publicação do livro, no fim de maio, revelará facetas dos personagens.

LONG-SELLER
Editora compra hit de 1957

A Sextante comprou os direitos de um romance que, lançado em 1957, teve mais de 7 milhões de cópias vendidas nos EUA – 500 mil só em 2009. Atlas Shruged, de Ayn Rand, trata de um futuro em que os EUA sofrem um colapso econômico e enfrentam o declínio da civilização. Sairá por aqui em agosto.

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A adaptação do romance é assunto em Hollywood desde os anos 70. Em 2008, Angelina Jolie quase ficou com o papel central, mas o roteirista não conseguiu resumir as mil páginas em duas horas de filme. Agora, produtores cogitam Charlize Theron para uma minissérie. Em outros tempos, quiseram o papel Faye Dunaway, Raquel Welch, Farrah Fawcett e Sharon Stone.


ENTREVISTA
Zé Celso e a balada no Oficina

Vinte horas de papo de Miguel de Almeida com José Celso Martinez Corrêa serão editadas em obra dos 50 anos do Teatro Oficina (celebrados, na verdade, em 2009), que a Imprensa Oficial do Estado de SP publica em junho. A certa altura, Zé Celso comenta o período da ditadura em que vendeu ácido no Oficina: “Era sobrevivência. Estava tudo fechado; eu não podia fazer mais nada.”

TRADUÇÃO
O novo romance de Piglia

Ainda não lançado na Argentina, Blanco Nocturno, romance para o qual Ricardo Piglia fez diversas versões ao longo desta década, já teve os direitos garantidos pela Companhia das Letras. A história se passa na guerra das Malvinas, e o título remete às lentes especiais usadas pelos soldados ingleses para enxergarem alvos à noite.

ADAPTAÇÃO
Vampiros abstêmios

O mexicano Alfonso Cuarón, diretor de E Sua Mãe Também, produzirá a adaptação de The Radleys, romance de Matt Haig previsto para sair em julho no exterior. A história se passa numa vila onde vive uma família na qual os pais tentam esconder dos filhos que todos na casa são vampiros. A curiosidade é que a trama foi pensada como roteiro e depois retrabalhada para romance por Haig.

MUDANÇA
Livraria em Mantiqueira

A Livraria da Vila, a livraria oficial da Flip, será neste ano também a oficial do Festival da Mantiqueira, de 28 a 30 de maio. Nos anos anteriores, o título cabia à Saraiva.

No Sabático de 24/4

Cuba, substantivo feminino

Vida de Celia Sánchez, companheira de Fidel, é mote para ‘Nunca Fui Primeira-Dama’, de Wendy Guerra, autora que estará na Flip

RAQUEL COZER

Crédito: havana-cultura.com/Divulgação


Isso de a torneira abrir e a água sair está longe da realidade do cubano, escreve Wendy Guerra a certa altura de Nunca Fui Primeira-Dama, seu primeiro romance a ganhar tradução para o português. Como vive em Cuba desde que nasceu, afora uma temporada na Europa, a incerteza rotineira já não incomoda. Mas Wendy é de 1970 e cresceu sem ligação emocional com o momento histórico da Revolução de 1959, então há outras realidades que não consegue assimilar. Não vê sentido em deixar de lado projetos pessoais para integrar um ideal coletivo, como fez a geração de seus pais. Não quer ser mártir nem manter silêncio. Mas é nessa terra em que a água e a liberdade de expressão sempre faltam que pensa em passar o resto da vida. “Já não tenho família, e Cuba é minha única família neste mundo. Compreende?”, ela argumenta.

Wendy é formada em cinema pelo Instituto Superior de Arte de Havana e tem três livros de poesia publicados em Cuba. Seus dois romances, Todos Se Van (2006) e Nunca Fui Primeira-Dama (2008), tiveram edições em países como a Espanha e a França, mas não na terra natal, onde raras cópias correm em impressões piratas. Ambos partem de fragmentos de diários e memórias, numa autoficção protagonizada por jovens de nomes e histórias similares à sua. No primeiro, Nieve Guerra se vê numa sociedade “em hibernação” que todos, de um jeito ou outro, acabam deixando para trás. Em Nunca Fui Primeira-Dama, que chega às livrarias segunda-feira, a personagem Nadia Guerra busca vestígios de mulheres que fizeram parte da história da ilha: Albis Torres, mãe de Wendy (e, no romance, mãe de Nadia), e Celia Sánchez, companheira de Fidel Castro dos tempos pré-revolucionários até 1980, quando morreu de câncer no pulmão.

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A íntegra do texto está aqui.

Mais Babel

Agora que o final de semana já está acabando, a coluna publicada no Sabático de ontem, 17/4, no Estadão.

BABEL

Raquel Cozer

Bienal convoca curadores para reforçar viés cultural

A intenção de fazer da 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo um “grande evento cultural”, num contraponto à sua imagem comercial, levou a organização a convidar o maior grupo de curadores de todas as edições realizadas até hoje para cuidar da programação.  Um conselho, que terá entre os membros o diretor presidente da Cosac Naify, Augusto Massi, e o diretor regional do Sesc SP, Danilo Santos de Miranda, supervisionará o trabalho de nomes como Mauricio de Sousa (espaço infantil) e Mariana Lajolo (espaço do professor).  As mesas literárias só têm confirmado o nome de John Boyne (autor de O Menino do Pijama Listrado), embora algumas editoras já estejam divulgando autores que pretendem trazer.  A organização admite querer tirar proveito da inédita proximidade com a Flip – que neste ano ocorre de 4 a 8 de agosto –  para atrair convidados do alto escalão cultural.  Como a Bienal começa poucos dias depois, no dia 12, a ideia é convencer escritores que forem a Paraty a darem uma esticadinha até São Paulo.

QUADRINHOS
Neuroses ilustradas

Sai neste ano, pela Desiderata, Woody Allen em Quadrinhos, compilação da série Inside Woody Allen, publicada pelo cartunista Stuart Hample de 1976 a 1984 nos EUA. Focadas nas neuroses do diretor, as tiras tiveram carta branca de Allen, que só deu algumas sugestões. “Precisamos de mais tiras em que eu não apareça. Tiras com meus amigos, minhas amantes”, chegou a pedir.

TRADUÇÃO
Oswald na França
Nos 120 anos de nascimento de Oswald de Andrade, a La Différence prepara edição francesa de Pau Brasil, cujos direitos acaba de comprar da Globo. A editora brasileira teve iniciativa rara para facilitar a venda do modernista àquele mercado. Arcou com a tradução de Memórias Sentimentais de João Miramar, a cargo do francês radicado no Brasil Augustin de Tugny, e ofereceu à editora parisiense, que demonstrou interesse.

ARQUIVO
Plath e Hughes
Uma rara entrevista conjunta com os poetas Ted Hughes e Sylvia Plath, gravada para a BBC em 1961, faz parte do recém-lançado CD The Spoken Word: Sylvia Plath. O site do Guardian publicou trecho da conversa, que mostra o casal – cuja história inclui traição dele e o suicídio dela – falando da relação e de como um influenciou o outro. “Os poemas (feitos em dupla) não sobreviveram, o casamento superou os poemas”, ele diz. O trecho do áudio está em
http://tiny.cc/plath.

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A British Library anunciou nesta semana a aquisição de exemplar anotado por Hughes da revista literária Saint Botolph’s Review, criada em 1956 por ele e amigos de Cambridge. E, em maio, finalizará o catálogo digital do arquivo do poeta, que ficará na internet.

SUSTENTABILIDADE
História do consumo
Hit no YouTube, com mais de 5 milhões de acessos, o vídeo A História das Coisas virou livro, recém-publicado nos EUA e cujos direitos a Zahar acaba de comprar. Foi escrito depois que a especialista em sustentabilidade Annie Leonard, idealizadora do documentário, começou a receber milhares de e-mails com dúvidas de internautas. O livro, como o filme animado, tenta responder “de onde vêm todas as coisas que compramos e aonde vão quando jogamos fora”.

PULITZER
Prêmio para peixe pequeno
A escolha de Tinkers, de Paul Harding, para o Pulitzer de ficção causou surpresa em especial por conta de sua editora, a Bellevue Literary Press. Criada em 2005 na escola de medicina da Universidade de Nova York e especializada no restrito nicho de livros que “relacionam ciência e arte”, a Bellevue lança apenas oito livros por ano e tem na equipe fixa somente duas pessoas.

INTERNET
Rede em versão nacional
A Ediciona, rede social espanhola voltada à indústria editorial, estreará em agosto sua versão Ediciona.br, com agenda de lançamentos e calendário de eventos locais. Brasileiros poderão divulgar trabalhos, criar blogs e se informar sobre tendências do setor. A ideia é desenvolver projetos ligados à contratação de serviços editoriais, mas a empresa ainda não fala sobre o assunto.

Sobre Freud, Lionel Shriver e uma semana longe

Ok, não tem graça nenhuma ficar uma semana sem atualizar o blog.

Em minha defesa, digo que foi uma semana mais curta que a média. Tanto no sentido literal, já que terminou com feriado, como no figurado, com um dia inteiro no Congresso do Livro Digital (que rendeu só um microtexto durante a semana, mas deu ideia de uma reportagem que sai amanhã no Caderno 2 Domingo e que deve entrar no ar em algum lugar por aqui); a cobertura do evento de lançamento das Obras Completas de Freud, com José Miguel Wisnik e Caetano; e uma entrevista com o cartunista francês Hervé Bourhis, cuja HQ O Pequeno Livro do Rock (imagem abaixo) acaba de sair pela Conrad.

Mais, é claro, a coluna Babel, que nesta semana traz notinhas exclusivas como a vinda para a Flip da Lionel Shriver, autora do sensacional Precisamos Falar Sobre o Kevin; a publicação em julho do Notas Sobre Gaza, do Joe Sacco, pela Quadrinhos na Cia; e o contrato do Antonio Xerxenesky, um dos criadores da Não Editora, com a Rocco. Agradeço a todas as fontes envolvidas. =P

Em breve voltamos à programação normal (que, a bem da verdade, quem lê isso aqui já notou que não tem frequência muito maior que dois posts por semana…).