Transforme seu livro em cogumelo

Interrompemos a programação normal deste blog (que hoje em dia é a falta de atualizações) para uma historinha que me distraiu em meio aos trabalhos.

Dois designers, Thilo Folkert e Rodney La Tourelle, criaram um jardim literário numa floresta no Quebec. Usaram 40 mil livros, placas de madeira e cogumelos numa estrutura orgânica na qual os livros se decomporão e os cogumelos crescerão.
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Chamaram o negócio de Jardim do Conhecimento, mas, como explica o Arch Daily, não é uma referência a um retorno à natureza (que foi minha primeira impressão, né, em tempos de sustentabilidade) nem traz mensagem bíblica. A ideia é confrontar “instrumentos de conhecimento com a temporalidade da natureza” e convidar o visitante a um “envolvimento emocional” ao expor a fragilidade dos livros.

Não sei se eu iria tão longe no raciocínio, mas esta última imagem me fez pensar que seria bom começar a arrumar melhor as minhas estantes.
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Literary Pigs

“Plagiarism is back in style! You can read about it in my new book The Hobbit.”

Não faço ideia de como surgiu, mas é a série Literary Pigs, assinada por Jim Behrle. Vi aqui. E você pode clicar na imagem abaixo para ver outros porquinhos da série.



Adivinhe quem vem para jantar

Pensei em milhares de coisas (ok, talvez dezenas. Ou talvez só unidades) para fazer na minha segunda-feira de folga e, meio que por comodidade, resolvi apenas ler. O dia inteiro, sem pressa, sem ter de ser no metrô ou antes de dormir, e nada sobre o que fosse escrever depois no jornal. Não consegui cumprir esta última meta; acabei passando boa parte da tarde mergulhada num autor que entrevistarei em breve. Ao menos não precisei correr mais do que gostaria com a leitura, o que incluí na minha cota de consolo, junto com o fato de fazê-lo numa mesa de calçada do Valadares, acompanhada pelo sol do fim da tarde e por alguma cerveja.

Sempre que ouço alguém reclamar da obrigação de trabalhar me seguro para não cair no insuportável discurso de que, se é para passar um terço da vida adulta fazendo algo que garantirá o divertimento e o sono tranquilo dos outros dois terços, não é mal passar esse primeiro terço em um trabalho do qual se goste, com o perdão do raciocínio que de tantos terços mais parece um rosário. Me seguro porque já repeti isso tantas vezes que daqui a pouco todos os amigos pararão de me chamar para participar do terço que corresponde ao divertimento deles.

Mas tenho de admitir que, no caso da literatura, a receita não funciona assim tão bem. É claro, é ótimo passar oito horas por dia pesquisando sobre livros, avaliando quais títulos valem ou não resenha e quais resenhistas podem escrever sobre, apurando notas sobre o mercado literário e entrevistando autores e editores. É uma delícia dedicar parte do dia a ler por obrigação sites de literatura de que gosto.

Mas há uma coisa que não há como fazer no horário de trabalho, e essa coisa é parar para ler um livro que renderá texto a ser publicado. Então o dia de trabalho para quem escreve sobre literatura não acaba no jornal. Ele continua no metrô, participa do jantar, vai junto pra cama e fica para tomar café da manhã, como um amante sem noção que não sabe a hora de ir embora. E também elege os títulos que você lerá.

Nenhuma ambição de ler as 800 e tantas páginas de 2666 antes da aposentadoria, por exemplo. Ou de aproveitar um feriado para acabar com aquela clássica lacuna nos conhecimentos de literatura clássica. Nos últimos tempos, o que me deixa satisfeita é descobrir que Roth e afins publicaram como romance a última novela que escreveram, já que só a concisão garante a leitura por prazer nas horas vagas. Só não me venham cobrar dessa gente livros mais extensos, por favor.

Recreio

Voltei cheia de baianidade de uma Salvador em recesso de São João, mas nem é isso. É falta de tempo para postar, mesmo.

Peguei essa estampa de camiseta do Flickr de Andy J Miller. Que avisa, antes que reclamem da gramática: “And don’t go correcting the grammar, you might just get called out on a subtle little wise crack”. Via Ffffound.

O tempo voa


(Dando a interpretação que bem entendo pro gif que peguei daqui.)

Faça o seu pior

Vi com atraso, tanto atraso que o prazo já acabou, o incrível concurso de poesia ruim da editora indie Small Press Distribution. Eles ofereceram um livro do catálogo da editora para quem fizesse um poema que coubesse em categorias como pior poema no geral, pior poema em que o título é maior que o poema em si, pior poema na forma de um status no Facebook e pior uso do ponto de exclamação num poema. Segundo a editora (sim, eu escrevi pra perguntar!), de 50 a 60 pessoas participaram nesta segunda edição, e os resultados entram no ar por estes dias.

Os resultados da primeira edição aparecem aqui, descendo um pouco a página.

Só tenho um haicai feito nesta vida, que Marina Della Valle conhece bem, e, na falta de um gancho melhor, aproveito para registrá-lo aqui. Chama-se…

(hai) cai

vou dançar
até cair
de imatura

Estantes compulsivas

Dois dias seguidos de posts-recreio é abuso. Mas não resisti. Precisei roubar esta da Dani Arrais: a ilustradora americana Jane Mount tem no site essa sequência compulsiva e fofa de livros em estantes. Quem já me viu rabiscando variações de rostos em guardanapos na mesa de bar (sabe, não se para de fumar impunemente) pode desconfiar de que vem uma nova série  por aí. Com menos graça, é claro.


Atenção, senhores passageiros

Porque tudo sempre pode ser mais complicado do que a gente pensa…

Da New Yorker, é claro, via Desculpe a Poeira.

Atwood sem-vergonha

O Guardian de hoje noticia que a Margaret Atwood, vencedora do Booker Prize, do Príncipe das Astúrias e de quase todos os prêmios relevantes na literatura, aparecerá CANTANDO no filme canadense Score: A Hockey Musical. O longa, com Olivia Newton-John no elenco, conta a história de um adolescente prodígio no hóquei e estreia só em outubro, mas a escritora adiantou algumas fotos da gravação em seu blog, onde também escreveu: “Sim, eu cantei, sem-vergonha…“.

Mas o melhor foi essa pérola que o site do jornal destacou. É a participação dela num programa de humor da TV canadense: “As pessoas me perguntam se eu penso em mim mesma como poeta, em primeiro lugar, e depois como romancista, ou vice-versa. A verdade é que eu de fato penso em mim mesmo como…”

Bem, confira.

Escrever ou não escrever

Mais cedo vi no Blue Bus um link para o Write or Die, uma espécie de site motivacional terrorista para escritores, e achei que seria interessante escrever um post  no próprio site para experimentá-lo, só para chegar em casa e descobrir que o Prosa & Verso fez isso muito antes. Então testei mesmo apenas digitando “trololololó”, o  assunto do dia, para ver o que acontecia.

A página inicial dá opções do modo de pressão ideal para entregar o texto a tempo. É meio frustrante porque o Choque Elétrico, modo mais recomendado para casos de bloqueio agudo, não pode ser selecionado. Decidi pelo Kamikaze + Evil, que só fazia a tela, a princípio branca, ficar vermelha a cada interrupção, além de apagar trechos. Menos irritante que o modo Gentle, que avisava a cada dez segundos “You stopped writing! Keep writing!”, e que o Normal, que acabou com a brincadeira de vez ao mandar ver num Never Gonna Give You Up assim que parei de digitar.

No fim, não tem truque, é se conformar. Se não dá para escrever um livro numa semana, como o Cony, ao menos conforta saber que autores como Hemingway e Nabokov reescreviam sem cessar até chegar ao que queriam, o que eu definiria como uma espécie de bloqueio criativo com vazão produtiva. E, claro, mil outros escritores que sofrem disso, mas me deu bloqueio de memória para citar algum.

Pior mesmo é ter bloqueio para escrever o forro da gaiola do dia seguinte.

(O escritor em pânico peguei daqui, indicação do Juliano Barreto no Google Reader).

Tamablogues (ou metapostagem)

Lamentei para o Leonardo Cruz a dificuldade em atualizar isto aqui e a impossibilidade de fazê-lo todo dia; afinal de contas, trabalha-se. Ele criou e alimentou por uns bons anos o blog Ilustrada no Cinema, até levar sua banquinha para a editoria de Esportes da Folha, e contou que sentia o tempo todo o peso da cobrança. Dele mesmo, que fosse. Como escreveu:

“Os blogs são a ressurreição dos tamagotchis. Você acha que ele lhe pertence, que você cuida do espaço, manda naquilo ali, mas, no fundo, você é escravo do negócio, ele te suga, explora seu sentimento de culpa e fica dizendo: “Me atualiza, me atualiza, me atualiza”. E você sofre, se martiriza, não dorme direito. Terrível.”

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Tá certo. Blogs são mimados e pedem atenção intensiva. Em geral, adoecem e morrem cedo. Essa forma primitiva de vida chamada Twitter tem muito mais chance de sobreviver quando o mundo (tal como o conhecemos) acabar.

Recreio

Tinha prometido que não ficaria mais de dois dias sem postar nada. Prestes a chegar a uma semana, eu me rendo. Abra seu The American Spelling Book na pág. 59 e leia comigo a última linha.

Você sempre pode consultar a história da frase  na Wikipedia ou aqui no Phrases.org, se confiar na fonte.

Recreio