A coluna da semana

[publicada no Sabático de 28/8]

BABEL

Raquel Cozer – raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

CLÁSSICO
Reedição de A Comédia Humana organizada por Rónai sai em 2011

A Globo Livros coloca nas livrarias no começo do ano que vem o primeiro volume da íntegra de A Comédia Humana, de Honoré de Balzac, na celebrada tradução coordenada por Paulo Rónai (1907-1992). O projeto, que reuniu em 17 livros os 88 títulos da obra, começou a ser organizado pelo tradutor e crítico literário ainda na década de 40 e demorou dez anos para ser concluído, contando com versões de Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana e Brito Broca, entre outros. Na década de 80, a Globo fechou acordo com Rónai para revisão geral, e os títulos voltaram a ser editados, desta vez com mais de 7 mil notas de rodapé e um prefácio do húngaro naturalizado brasileiro para cada volume. O primeiro livro da edição de 1989 teve 15 mil cópias vendidas. O conjunto estava fora de catálogo havia 15 anos e, após contrato com as herdeiras de Rónai, sairá em novo projeto gráfico. A princípio, a edição ficará a cargo de Joaci Furtado – mesmo com a despedida dele da Globo Livros, anunciada na semana passada, para se dedicar a um novo trabalho.

CINEMA
Revista resgatada

Editada de 1954 a 1958 no Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais, com curta sobrevida nos anos 60, a Revista de Cinema ganhará neste ano, pela Azougue, antologia organizada por Marcelo Miranda e Rafael Ciccarini. A previsão é a de que saia em dois volumes, resgatando textos de nomes como Cyro Siqueira, Jacques do Prado Brandão e José Haroldo Pereira.

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A publicação repercutiu no País e chegou a ser reconhecida no exterior ao discutir temas como neorrealismo italiano e cinema brasileiro. Prestes a ser fechada, recebeu de Paulo Emílio Sales Gomes, no Suplemento Literário, do Estado, apelos para que não deixasse de circular. O colunista do Sabático Silviano Santiago, um dos principais articulistas da revista, assinará o prefácio.

NO BRASIL-1
Best-seller contra a maré

O americano Nicholas Sparks, que entre anjos e vampiros cavou espaço para seus romances açucarados e hoje aparece em dose dupla nas listas de mais vendidos, com Querido John e A Última Música, chega ao Brasil na primeira semana de dezembro para visitar Rio, São Paulo e Porto Alegre. Antes disso, a Novo Conceito publica outro título dele, Diário de Uma Paixão.

NO BRASIL-2
Britânico no Rio ComiCon


O desenhista inglês Kevin O”Neill, parceiro de Allan Moore na série As Aventuras da Liga Extraordinária, confirmou participação no primeiro Rio ComiCon, que ocorre durante dez dias de novembro, com exposições, palestras, oficinas, vídeos e venda de quadrinhos. Segundo a Casa 21, organizadora do evento, a vinda do italiano Milo Manara ainda depende de “pequenos acertos”.

QUADRINHOS
Nova adaptação de Dante

A Peirópolis lança em 2011 HQ de A Divina Comédia, de Dante, ilustrada a nanquim e aquarela pelo cartunista e grafiteiro Piero Bagnariol. O texto do Purgatório será o adaptado por Henriqueta Lisboa (1901-85). Outra versão em quadrinhos de A Divina Comédia, já antecipada pela coluna, será a de Seymour Chwast, pela Quadrinhos na Cia.

INTERNET
Suas estantes combinam?

Uma nova rede social, Alikewise.com, propõe-se a encontrar o par perfeito para os usuários com base no gosto literário. O criador, Matt Sherman, disse que teve a ideia ao imaginar que sua mulher ideal deveria conhecer A Lógica do Cisne Negro, livro de Nassim Nicholas Taleb sobre o improvável.

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Por enquanto, a rede só aceita usuários de países de língua inglesa. E precisa de ajustes. Em procura por Borges, localizou 13 usuários (um deles aceitava companheiras de 18 a 99 anos), mas avisou que havia “expandido a busca” para incluir títulos com alguma relação com o argentino. Na busca por Thomas Pynchon, a obra mais recorrente foi 1984, de George Orwell, prefaciada pelo autor de O Arco Íris da Gravidade.

A coluna da semana

[publicada no Sabático de 21/8]

BABEL

Raquel Cozer – raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

MERCADO
Editoras registram vendas mais expressivas na Bienal do Livro 2010

O balanço de público da 21.ª Bienal do Livro de São Paulo será anunciado amanhã, mas ao menos um resultado desta edição já foi notado por editores: o aumento no número de livros vendidos na comparação com o mesmo período do evento paulistano em 2008. O maior salto dos primeiros dias levantado pela coluna foi o da Record: 90%. A Objetiva teve crescimento de 55% e a Zahar, de 38%. Chama a atenção também o fato de, em alguns casos, o aumento ser perceptível até na comparação com a Bienal do Rio, que costuma fazer maior caixa. O estande conjunto da Companhia das Letras e da Zahar, por exemplo, teve aumento de 12% na comparação com o mesmo período do evento carioca de 2009. Mas editores, que dão brindes e descontos nas vendas, dizem que o investimento em bienais ainda não se paga financeiramente. “É ganho institucional. Ganha-se espaço na mídia e na mente do público, que vê as marcas de perto”, avalia a editora Mariana Zahar.

FICÇÃO
Novo selo no mercado

Após recuperar os 51% em ações que havia vendido em 2007 à franco-espanhola Anaya-Hachette, o grupo Escala entrará na área de ficção, não contemplada por seus selos atuais. Detentor nacional da Larousse – especializada em obras de gastronomia e interesse geral -, o grupo lança em fevereiro os títulos iniciais de sua nova marca, a Lafonte, focada em literatura contemporânea.

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A Escala não divulga o valor do investimento, mas a aposta é grande. Saem pela Larousse cerca de 100 títulos por ano; com a Lafonte, a intenção é pôr no mercado (considerando livrarias, bancas e vendas porta a porta) 400 obras em um ano. A diretora editorial Janice Florido diz já ter “autores estrangeiros conhecidos e que despontam”. Literatura nacional, só num segundo momento.

GASTRONOMIA – 1
Ciência na cozinha

On Food and Cooking, livro seminal de Harold McGee sobre ciência e culinária, publicado em 1984 e reeditado em 2004, sairá no Brasil no ano que vem pela WMF Martins Fontes. O colunista do New York Times analisa ingredientes e suas interações com o corpo e explica questões como a natureza da fome, o que ocorre quando um alimento se estraga e por que o álcool embriaga.

GASTRONOMIA – 2
Crise na culinária

Já a Zahar lança em outubro um título que deu o que falar no exterior. Em Adeus aos Escargots, Michael Steinberger mergulha em questões culturais, econômicas e políticas para decifrar o que ocorreu com a França, cujos chefs e restaurantes perderam lugar entre os mais influentes do mundo.

DIGITAL
Propaganda no e-book

Artigo no Wall Street Journal de anteontem defende a ideia de que anúncios serão inevitáveis nos e-books. O WSJ avalia que a queda no preço dos livros, combinada com o formato propício à publicidade – o e-reader pode ter anúncios sempre atualizados -, tornará essa a melhor saída para os editores. Mas o texto argumenta que o interesse dos autores em controlar o conteúdo anunciado pode originar novos impasses.

CLÁSSICOS – 1
Inéditos em coleção

Parte da tentativa do grupo Ediouro de reposicionar títulos de seu imenso catálogo, a recém-anunciada Coleção Fronteira – que sai pela Nova Fronteira com edições mais simples e preços abaixo dos R$ 30 – incluirá textos inéditos em livro. Entre eles, ainda neste ano, Mário no Cinema, reunião de ensaios de Mário de Andrade, e um volume com o teatro completo de Antonio Callado.

CLÁSSICOS – 2
Teatro brasileiro

Por falar em teatro (e em livros mais baratos), a Penguin Companhia Clássicos deve ter selo exclusivo para dramaturgia no primeiro semestre de 2011. A princípio, serão textos de peças brasileiras do século 19 e início do 20 que estejam fora de catálogo.

Colaborou Ubiratan Brasil

E a coluna da semana

[publicada no Sabático de 14/8, no Estadão]

Raquel Cozer –  raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

MERCADO
Leya completa um ano com bons números em vendas

Em setembro, a portuguesa Leya celebra um ano no mercado nacional com números nada desprezíveis – foram 500 mil livros vendidos. Seu maior hit, Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, obra de estreia de Leandro Narloch, saiu sem estardalhaço em novembro e acaba de passar as 90 mil cópias comercializadas. Há 32 semanas nas listas de best-sellers, deve chegar a 100 mil antes de um ano nas livrarias. A editora prepara agora edição ampliada, com dois novos capítulos, a serem baixados de graça na rede por quem já tem o título. Em segundo lugar está O Efeito Sombra, de Depak Chopra (50 mil cópias), e em terceiro, O Morro dos Ventos Uivantes, de Emile Bronte (40 mil; capa abaixo, à esq.). O súbito sucesso do clássico se explica pela citação a ele em livro da série Crepúsculo (Intrínseca; capa abaixo, à dir.) e pelo fato de a Leya tê-lo lançado com capa similar às dos títulos sobre vampiros. A próxima aposta é em Brasil, Uma História, de Eduardo Bueno.

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PESQUISA
Pode confiar, é Millôr

Millôr Fernandes é o autor no qual os brasileiros mais confiam, segundo a pesquisa anual Marcas da Confiança, parceria da Seleções do Reader”s Digest com o Ibope Inteligência. Ele foi eleito por 73% de 1.500 pessoas que preencheram questionário na internet. Dez nomes eram sugeridos aos votantes. Em 2009, venceu Drauzio Varella.

EUA E RIO
Mais Lionel em 2011

So Much For That, de Lionel Shriver, sai em 2011 pela Intrínseca. Elogiado pelo humor e pela delicadeza com que aborda a vida de uma paciente de câncer, a obra narra a realidade do atendimento médico nos EUA, onde foi lançada em março, quando Obama assinou a reforma no sistema de saúde.

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Após participar da Flip, Shriver ficou no Rio até quinta. Não quis visitar Pão de Açúcar nem Corcovado. Preferiu ir à Feira de São Cristóvão e às favelas Pavão Pavãozinho e Chapéu Mangueira. Diz ter interesse na questão da migração para grandes cidades.

VENDAS
Best-sellers em Paraty

Ao contrário de 2009, quando títulos de convidados da Flip logo se esgotaram no estande da Livraria da Vila em Paraty, neste ano as editoras enviaram bons estoques para o evento. A campeã em vendas foi Isabel Allende, com 400 cópias de A Ilha Sob o Mar. Em segundo, ficou Azar Nafisi, com 350 exemplares de Lendo Lolita em Teerã.

INFANTIL
John Boyne para menores

Noah Barleywater Runs Away, livro em que John Boyne volta à literatura infantil após O Menino do Pijama Listrado (2006) e que sai só em setembro no exterior, foi comprado pela Companhia das Letras. Boyne estará na Bienal do Livro amanhã e depois. Na segunda, ainda dá autógrafos na Saraiva do shopping Pátio Higienópolis.

MÚSICA
Sob controle dos Stones

Escrito por Bill German, fã que editava um fanzine sobre os Stones e conviveu de perto com eles de 1985 a 1989, Under Their Thumb foi comprado pela Nova Fronteira. O subtítulo explica: “Como um bom garoto do Brooklyn se misturou com os Rolling Stones (e viveu para contar a história).”

REVISTA
Discurso em nova casa

Criada em 1970 como instrumento de resistência à ditadura, a revista Discurso, da Filosofia da USP, passará a sair pela Barcarolla, em parceria com a Discurso Editorial. E será agora semestral, em vez de anual. O número 39, que chega em setembro, terá ensaio de Jean Galard, ex-diretor do Louvre, e poemas de Ruy Fausto, entre outros textos.

BÍBLIA
Mergulho na fé

A Sociedade Bíblica do Brasil acaba de lançar o Novo Testamento à Prova d”Água, cujas páginas, impermeáveis, permitem que a “Palavra de Deus seja lida em qualquer lugar – na praia, à beira da piscina, na chuva e até durante a prática de mergulho”. O curioso é que ao mesmo tempo sai pela SBB nova edição da Bíblia do Surfista, cujo papel não resiste a uma entrada no mar.

Com muito atraso, a coluna de 7/8

Opa. Tinha esquecido de postar aqui a coluna do sábado passado, apurada em meio a pedras de Paraty e a uma gripe interminável (que completa hoje 11 dias, um recorde na história dessa imunidade que não tenho). Algumas notícias aí já estão velhinhas, como a do Google, mas, se consola, elas eram brand new no sábado.

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BABEL

Raquel Cozer, raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

Ediouro quer apresentar “nova cara” até o fim do mês

Há dois meses acumulando função de publisher da Nova Fronteira e da Agir, Leila Name corre para apresentar até o fim do mês a “nova cara” dos selos do grupo Ediouro – a meta é, depois da Bienal do Livro, mostrar um desenho do que cada marca do grupo passará a publicar. “Temos pressa de concluir um projeto editorial. O grupo vai bem e queremos passar essa informação ao mercado”, disse à coluna. Por enquanto, o que o mercado viu foi enorme expansão, com a compra de editoras, seguida de indefinições e da saída de nomes como Izabel Aleixo (Nova Fronteira) e Paulo Roberto Pires (Agir e projetos especiais). O último revés foi o pedido de demissão de Carlo Carrenho, nesta semana. Até meses atrás, ele era publisher da Ediouro e da Thomas Nelson. Como os títulos do grupo estão sendo redivididos entre os selos e os que sairão como Ediouro são incógnita, o carro-chefe do grupo tinha saído do comando de Carrenho, que estava só com a Thomas Nelson. Em Paraty para a Flip, de folga, disse que se dedicará ao Publishnews, do qual é dono.

RELIGIÃO
Ateísmo “simplista”

O livro sobre o qual Terry Eagleton fala hoje na Flip, Reason, Faith and Revolution, já tem dono no Brasil. Assim como Why Marx Was Right, sai pela Nova Fronteira em 2011. Em Reason…, que reúne aulas ministradas na Universidade de Yale, o crítico cultural materialista questiona o racionalismo defendido por Richard Dawkins e Christopher Hitchens, avaliando como “simplista” o radicalismo com que defendem o ateísmo.

SUSTO 1
Como se fosse Teerã

A iraniana Azar Nafisi (foto), outra convidada do evento literário, levou um susto ao ouvir o estalido de bombinhas com as quais as crianças brincavam na praça do centro histórico de Paraty, perto da Flipinha. “Puxa, nasci em Teerã, as pessoas não deviam ficar estourando coisas perto de mim.”

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Envolvida na luta pela libertação da iraniana Sakineh, condenada à morte por apedrejamento, Nafisi admite que gostaria de poder falar menos de política e mais de literatura. Não por acaso, a autora, que vive em Washington, agora escreve o livro Republic of Imagination, sobre como a literatura “pode ser o lar de quem não tem mais um lar”.

SUSTO 2
Amor, mas só no papel
A Bienal do Livro destacou em seu material de divulgação três mesas do Salão de Ideias sobre o livro digital, um dos temas da edição. Uma delas pegou Ana Maria Machado de surpresa. Anunciada em debate sobre “o romance fora da página”, que questionaria “para onde vai a subjetividade do escritor e do leitor”, a autora disse que não era bem assim – falará, sim, sobre amor e literatura, mas nada de digital. A organização informou que o material seria corrigido.

HISTÓRIA
Musas do teatro musical
A Imprensa Oficial do Estado de São Paulo prepara para outubro o livro Grandes Vedetes do Brasil, com verbetes biográficos sobre 41 mulheres que fizeram a história do teatro musical brasileiro desde o século 19, pontuando sua relevância social e artística. O prefácio é de Silvio de Abreu.

INTERNET
Todos os livros do mundo
O Google pode não ter ainda digitalizado todos os livros do mundo, como prometeu, mas divulgou o que, segundo a empresa, é a quantidade de títulos existentes: 129.864.880. Sem confiar na catalogação do ISBN, preferiu coletar dados de fontes como livrarias, catálogos nacionais e fornecedores comerciais (explicação em http://bit.ly/googleb). Resta ver quem checará a conta.

ASSÉDIO
Conteúdo digital
Escritores como Marcelo Rubens Paiva vêm sendo sondados por editoras que formarão um pool com a Livraria Cultura para o lançamento de suas obras em conteúdo digital. Como não sabem ainda de que modo negociar os direitos, os autores pretendem se reunir para tratar do assunto.

A coluna da semana

[publicada no Sabático de 31/7; disponível também no Estadão.com]

BABEL

Raquel Cozer – raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

CINEMA
Um modernista em 1.500 páginas, mas sem editora

Uma compilação de quase 3 mil crônicas escritas pelo crítico de cinema, poeta e ensaísta Guilherme de Almeida (1890-1969) está há quase uma década em busca de editora. Organizado ao longo de 20 anos pelo editor Frederico Ozanam Pessoa de Barros, hoje com 82 anos, o livro Cinematógrafos esbarra numa questão logística que já levou editoras interessadas a desistirem do investimento: o volume tem 1.500 páginas, e Barros, amigo e biógrafo de Almeida, não abre mão de publicá-lo na íntegra. Além dos textos que o modernista publicou no Estado de 1926 – quando foi convidado a assinar seção dedicada à crítica cinematográfica – até o início dos anos 40, o livro inclui fichas técnicas de todos os filmes sobre os quais escreveu. “Mais que crítico, foi o primeiro grande cronista de cinema do período. Seus textos registram aspectos da cultura de uma época em que ir ao cinema era quase como ir a uma festa”, diz Barros.

TRADUÇÃO
O primeiro romeno

O selo Amarilys, da Manole, prepara a tradução direta do romeno de O Retorno do Hooligan, romance em que Norman Manea relata sua primeira visita à Romênia após a queda do regime Ceausescu. O escritor, que vive em Nova York, relembra o fascínio pelo comunismo, a perseguição e a liberdade no exílio, junto a amigos como Philip Roth.

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Será a primeira tradução de Manea no País, a cargo da romena naturalizada brasileira Eugênia Flavian. E também a primeira direta do idioma a sair pela Manole – cujo fundador, Dinu Manole, nasceu na Romênia. A editora também tem os direitos de The Bunker, do autor, sobre o 11 de Setembro.

DIGITAL
Wylie e a tradução

A agência Wylie, que passará a publicar e-books de seus autores nos países de língua inglesa, é também a única grande que se recusa a vender direitos digitais de traduções num momento em que editores exigem cláusulas sobre publicação eletrônica.

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A Benvirá, por exemplo, não sabe se poderá lançar os e-books dos recém- negociados Tetralogia da Fertilidade, de Yukio Mishima, e Solo, de Rana Dasgupta. Incluiu cláusula para que seja a primeira opção caso a Wylie queira negociar os direitos. A Record, que publica Colum McCann e Azar Nafisi, da agência, avalia que terá de parar de negociar se a Wylie resistir na questão, a não ser que se comprometa a não vender direitos a outros ou explorá-los diretamente.

BOLSA
Um ano na Alemanha

Finalista do Prêmio SP de Literatura, que sai na segunda, Bernardo Carvalho não deve lançar outro romance tão cedo. O autor de O Filho da Mãe ganhou uma bolsa da instituição de intercâmbio Daad. A partir de março, passará um ano em Berlim como artista residente, seguindo passos de nomes como Rubem Fonseca e João Ubaldo Ribeiro.

CASA NOVA
Mudanças no catálogo

Após breve passagem pela Cosac Naify, Izabel Aleixo assume a direção editorial da Paz e Terra com a meta de garimpar obras de “maior apelo” e “dar uma reduzida” no catálogo de 1.200 títulos, organizando coleções. Para o selo Argumento, que em cinco anos teve só nove títulos, a meta é levar mais ficção contemporânea internacional e abrir portas para a nacional. Por 12 anos, na Nova Fronteira, Izabel lançou alguns dos maiores hits da década, como O Caçador de Pipas.

CINEMA
Chanel e Stravinski


A Larousse lança Coco Chanel e Igor Stravinski, do inglês Chris Greenhalgh. A obra aqui sai na esteira do filme homônimo, exibido no Festival de Cannes 2009 e que, protagonizado por Anna Mouglalis, retrata um caso entre a estilista e o compositor.

QUADRINHOS
Baleia multimídia

Um teaser de animação será criado pelo Estúdio Birdo para divulgar Cachalote, de Rafael Coutinho e Daniel Galera, lançada em junho pela Quadrinhos na Cia., com 800 exemplares vendidos até agora. O vídeo será lançado dia 4/9, quando a Choque Cultural abre mostra com originais e pôsteres da HQ.

A coluna de 24/7

[Publicada no Sabático]

BABEL

Raquel Cozer, raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

INFANTIL
Saem 100ª edição do Maluquinho e novo Ziraldo, com realidade aumentada


A Melhoramentos decidiu fazer tiragem especial “bem pequena” da 100.ª edição de O Menino Maluquinho, a ser lançada na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, quando a companhia celebra 120 anos de história. Serão 2 mil cópias para Ziraldo e a editora distribuírem a pessoas próximas. Neste caso, o livro terá capa redesenhada pelo autor e, nas orelhas, depoimentos de gente como Martinho da Vila e Ferreira Gullar. Já a tiragem para o público terá 10 mil exemplares – a obra, que completa 30 anos, já vendeu 2,8 milhões de cópias. Ziraldo também lança O Menino da Terra, primeiro infantil nacional com jogo de realidade aumentada, no qual a criança usa o livro como joystick na frente da webcam.

LIVRARIAS
Distribuição desigual

O número de livrarias no Brasil cresceu 11% em três anos, totalizando 2.980, mas o aumento veio acompanhado de distribuição mais desigual das lojas pelo País, segundo a Associação Nacional de Livrarias. O Sudeste, que tinha 53% das livrarias nacionais em 2006, passou a 56% – a população da região corresponde a 42,5% da nacional. Já no Nordeste, com 28% da população brasileira, a proporção de livrarias caiu de 20% para 12%.

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O levantamento refere-se a 2009 e integra o Diagnóstico do Setor Livreiro, que a ANL divulgará nesta terça-feira, em São Paulo, e discutirá a partir do dia 9 na 20.ª Convenção Nacional de Livrarias.

LITERATURA CUBANA
O nada e o todo

Quinze anos depois de lançar O Nada Cotidiano, sobre sua vida em Cuba, a exilada Zoé Valdés publica em setembro na Europa a sequência da obra, O Todo Cotidiano, no qual fala da vida da França. Aqui, o primeiro livro saiu em 1998 pela Record. No começo do ano que vem, a Benvirá será a primeira editora a juntar os dois títulos num só volume.

CONTOS
Teatro de sombras


A L&PM comprou e mandou fotografar marionetes de teatro de sombra chinês (foto) para ilustrar o infantil Contos Sobrenaturais Chineses, de Sergio Capparelli e Márcia Schmatz. O livro deve sair no fim de setembro.

GUERRA
Depois da televisão

A Bertrand Brasil comprou os direitos do livro The Pacific, de Hugh Ambrose, que originou a série da HBO sobre fuzileiros navais na 2.ª Guerra. Produzida por Tom Hanks e Steven Spielberg, a minissérie teve 24 indicações para o Emmy, que será entregue em 29/8. O problema agora é correr com a tradução das mais de 500 páginas. Com sorte, sairá no primeiro trimestre de 2011. O último episódio foi exibido no Brasil em junho.

DIGITAL
Cabo de guerra

A Random House, maior editora do mundo, anunciou que não fará novos acordos com o mega-agente literário Andrew Wylie. Foi a resposta ao anúncio de Wylie de que negociará direitos digitais de autores direto com as lojas. Wylie criou para isso a Odyssey Editions, que dará dois anos de exclusividade à Amazon, vendendo a US$ 9,99 títulos como os quatro Coelho, de John Updike, cujos direitos de edição impressa são da Random.

MÚSICA
Lou Reed em liquidação

A Livraria da Vila encomendou cem exemplares de Pass Thru Fire – The Collected Lyrics, de Lou Reed, no embalo da Flip. Como o músico não vem mais, a baixa foi imediata: de R$ 49, o livro importado sairá por R$ 39. A Companhia das Letras vende o título traduzido, Atravessar o Fogo, por R$ 51,50.

A coluna Babel da semana (passada)

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[Publicado no Sabático de 17/7]
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BABEL
Raquel Cozer – raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

Jovem editora carioca aposta no Leste Europeu
A jovem editora Tinta Negra – lançada neste ano e cujo catálogo conta com apenas oito títulos, sete deles nacionais – faz uma aposta agora em obras doLeste Europeu premiadas e elogiadas em vários países, mas cujos autores são pouco ou nada conhecidos por aqui.  O investimento engloba textos clássicos e contemporâneos, de ficção e não-ficção e HQs.  Entre os previstos para sair em 2010 está Máfia, reportagem sobre os bastidores do crime organizado italiano realizada pela alemã Petra Reski.  Ainda sem título em português, Bieguni (Runners) apresentará ao público brasileiro a polonesa Olga Tokarczuk, três vezes vencedora em seu país do Prêmio Nike de Literatura. Nos quadrinhos, a aposta é no designer e escritor alemão Flix, autor da premiada graphic novel de reportagem Da War Mal Was (o título provisório em português é Quando Tinha um Muro…  Lembranças Daqui e de Lá).  O autor, de 34 anos, virá ao País neste ano a convite do Goethe-Institut, para uma série de eventos, mas o livro sai por aqui só no começo do ano que vem.
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INTERNET
Aulas com Faulkner
De 1957 a 1958, já detentor do Nobel de Literatura (1949), William Faulkner foi escritor-residente da Universidade de Virgínia, nos EUA.  Pouquíssimos alunos tiveram chance de assistir às suas palestras e leituras. Recém-digitalizadas, as sessões agora podem ser ouvidas em faulkner.lib.virginia.edu.
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O site inclui textos e cartoons (acima) de publicações locais no período, além de fotos e cartas.  Numa delas, o criador de O Som e a Fúria responde ao convite para falar aos alunos: “Meu primeiro pensamento foi que eu era só um escritor-residente, não um palestrante-residente, (…) mas talvez seja meu dever (…) tentar dizer algo válido.”
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CINEMA 1
Filho multimídia
Um mês após o anúncio de sua adaptação teatral, O Filho Eterno, romance nacional mais premiado de 2008, teve os direitos comprados para o cinema.  A obra de Cristovão Tezza será adaptada pela RT Features.
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CINEMA 2
Vida eterna
Para quem acredita que a onda de livros de vampiros vai amainar, indícios recentes provam o contrário: a Terra dos Vampiros, lançado pela Planeta, será adaptada para as telas por John Carpenter, diretor de filmes de terror
cult como Halloween (1978).  O papel principal será de Hilary Swank.
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E outro que ainda nem saiu por aqui, A Passagem, de Justin Cronin, teve os direitos comprados pela Fox, que deixou o roteiro aos cuidados de John Logan (Oscar por O Gladiador).  O título abre uma trilogia que a Sextante põe nas
livrarias a partir de agosto.
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JUVENIL
Ao redor do mundo
Adriana Lisboa assinará os textos de A Volta ao Mundo em 190 Histórias, coletânea da Rocco organizada por Celina Portocarrero.  A série, para o público juvenil, recuperará lendas de todo o mundo.  O primeiro título, previsto para janeiro, será dedicado à África.  Depois, virão Europa, Ásia e Américas.
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A autora acaba de entregar à editora os originais de Azul-Corvo, romance adulto que parte de pesquisa sobre a Guerrilha do Araguaia para narrar a trajetória de um ex-combatente que se torna imigrante nos EUA.
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REVISTA
Número cinco
A quinta edição da quadrimestral serrote, que sairia neste mês, ficou para agosto, por conta da Flip.  Destaca-se a série de ilustrações da israelense Maira Kalman, autora de livros infantis e capista da New Yorker.  Os desenhos foram feitos para edição especial do clássico manual The Elements of Style, à exceção de um serrote desenhado especialmente para a publicação do Instituto Moreira Salles.
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QUADRINHOS
Filosofia pop
A Desiderata garantiu os direitos da graphic novel Nietzsche – Se Créer Liberté.  Com texto de Michel Onfray e arte de Maximilien Le Roy, a biografia vem sendo considerada na Europa a melhor HQ do ano.

A coluna no Sabático de 10/7

BABEL

Raquel Cozer – raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S. Paulo

DIGITAL
Livros raros de Warhol e Bresson estarão à venda no Salão das Artes


Três exemplares de livros raros e autografados pelos autores serão vendidos pela livraria Fólio no Salão de Artes, que acontece de 16 a 22 de agosto no Clube A Hebraica, em São Paulo. Dois são de Andy Warhol: Portraits of the 70″s (1979), cuja edição teve apenas 200 cópias, custará R$ 6 mil; já The Philosophy of Andy Warhol (1975), que inclui desenho à mão do artista de uma de suas célebras latas de sopa Campbell, sairá por R$ 15 mil. A terceira obra é um exemplar da primeira edição de Paris à Vue D”Oeil (1994), com dedicatória de Henri Cartier-Bresson à pessoa que o ajudou a selecionar as fotos para o livro. Tem textos de Vera Feyder e André Pieyre de Mandiargues e custará R$ 4.600.

HISTÓRIA
As listas de Eco

O Livro das Listas, em que Umberto Eco vê a necessidade humana de criar listas como a origem da cultura, aporta em setembro no Brasil. Assim como ocorreu com A História da Beleza e A História da Feiúra, o título da Record será editado na Itália e virá de navio. “Me pergunto se não é tudo ironia. Talvez a piada seja fazer o leitor crer que o elogio de Eco às listas é sério”, concluiu a historiadora Mary Beard ao resenhá-lo no Guardian.

ARQUIVO
Beatles como nunca antes

Um arquivo inédito de letras, roupas e instrumentos será revelado em setembro em Beatles Memorabilia: The Julian Lennon Collection, que a Carlton publica com o filho mais velho de John. “Há itens que ninguém jamais viu”, resumiu o editor Roland Hall.

QUADRINHOS
Mutarelli no espaço

Sai em agosto, pela Zarabatana, O Astronauta ou Livre Associação de Um Homem no Espaço, HQ que foi gestada por seis anos. O texto é de Lourenço Mutarelli, que pela primeira vez aceitou escrever para outros ilustrarem – no caso, os jovens Flavio Moraes, Fernando Saiki e Olavo Costa.


FLIP 1
Calçada de pedras da fama

O agente de Lou Reed avisa que “tudo bem” o músico ser clicado por fotógrafos na Flip, desde que não usem flashes. A ver se Lou consegue se proteger também dos flashes dos fãs que lotarão, dia 7, a sua mesa, uma das duas mais concorridas do ano.

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A outra convidada cujos ingressos se esgotaram mais rápido na segunda, Isabel Allende, recebe cuidado redobrado da Record. Com mesa no dia 5, será a única dos autores a pegar helicóptero do Galeão até Paraty.

FLIP 2
Programa em Paraty

E o Itaú Cultural estreará no evento em Paraty. O Jogo de Ideias, exibido em TVs educativas desde 2004, terá episódios gravados na Casa de Cultura. Entre os convidados, dois da Tenda dos Autores, Benjamin Moser e Berthold Zilly. A entrada será gratuita.

CONCURSO
Prêmio para capas

A Getty Images abre em agosto inscrições para a segunda edição de seu concurso de capas de livros. Em 2009, concorrendo com 52 trabalhos, venceu a capa criada por Rodrigo Rodrigues de Azevedo para Os Espiões (Alfaguara), de Luis Fernando Verissimo.

ORIGINAIS
Sinais dos tempos

A pequena Tin House, dos EUA, anunciou que aceita receber originais de autores inéditos. Desde que venham junto com recibo de título comprado em livraria. É a campanha Compre Um Livro, Salve Uma Livraria.

Colaborou Ubiratan Brasil

A coluna de 3/7

Na foto abaixo, o largo de São Bento visto do convento, em 1884, por Militão Augusto de Azevedo. Coluna publicada no Sabático de hoje, no Estadão.

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BABEL

Raquel Cozer – raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

PERFIL
Loyola mostra Ruth Cardoso “por trás da catedrática”

Ignácio de Loyola Brandão já entregou à Globo Livros os originais do perfil Ruth Cardoso: Fragmentos de Uma Vida, ao qual se dedicou no último ano e que deve sair em setembro, quando a socióloga, morta em 2008, completaria 80 anos. Foi Fernando Henrique Cardoso quem sugeriu o nome dele para a editora, ao lembrar que, em 1995, o escritor e colunista do Estado havia realizado para a revista Vogue uma extensa entrevista com Ruth, que até então se recusava a falar no papel de primeira-dama. Na ocasião, Loyola tirou dela até comentários sobre a relação com FHC (“Todos o consideravam o bonitão, mas confesso que nem era tanto. Tão magrinho”). Trechos dessa conversa estão no livro, assim como lembranças de dezenas de parentes e conhecidos (“Não era amiga dessas de contar no detalhe uma intimidade. Nunca deixava ultrapassar certos limites”, descreveu a amiga Regina Meyer ao escritor). Loyola define a obra como um “retrato alongado” da “mulher por trás da catedrática, da doutora, da primeira-dama, da feminista”.

SOCIOLOGIA
Ruptura na modernidade

O clássico contemporâneo Sociedade de Risco, de Ulrich Beck, terá em agosto a primeira edição nacional, com tradução de Sebastião Nascimento para a Editora 34. No livro, o alemão argumenta que vivemos momento de ruptura similar ao do fim da era feudal e no qual “a produção social de riqueza é acompanhada pela produção social de riscos”. A obra saiu na Alemanha em 1986, logo após o acidente nuclear de Chernobyl.

INFANTO-JUVENIL
Best-seller para novo público

A estreia de John Grisham no gênero infanto-juvenil levou-o neste mês ao topo dos mais vendidos nos EUA e já tem dona no Brasil – até o fim do ano, a Rocco lança o primeiro título da série Theodore Boone, sobre um expert em advocacia de 13 anos. Antes, em agosto, sai A Lei, mais recente thriller de tribunal adulto do autor de A Firma.

CINEMA
Feitos um para o outro

A Intrínseca adquiriu os direitos de One Day, romance de David Nicholls que será adaptado para o cinema pela finlandesa Lone Scherfig (diretora do premiado Educação), com Anne Hathaway (protagonista do Alice de Tim Burton) no papel central.

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A trama tem um quê de Harry e Sally: os protagonistas, Emma e Dexter, encontram-se pela primeira vez em 1988 e voltam a se esbarrar por duas décadas. O próprio escritor faz o roteiro do longa, previsto para 2011 – quando também sai o livro por aqui.

ICONOGRAFIA
Lembranças reeditadas

Carlos Augusto Calil, secretário municipal de Cultura de São Paulo, reedita o livro Memória Paulistana, cuja primeira edição, de 1975, ele organizou para a inauguração da sede do Museu da Imagem e do Som na avenida Europa. Com fotos do fim do século 19 até os anos 40, o álbum era o catálogo de uma mostra idealizada por Rudá de Andrade, então diretor do MIS. Inclui imagens de Militão Augusto de Azevedo e Valério Vieira “razoavelmente desconhecidas à época”, escreve Calil no prefácio à nova edição. Deve sair este ano pela Imprensa Oficial do Estado de SP.


FANTASIA
Outros rumos da Panini

Líder em quadrinhos no Brasil, com obras da Marvel e DC Comics, a Panini aposta no que chama de “livros literários” no momento em que grandes editoras investem nas HQs. A estreia acontece com Orcs – Guardiões do Relâmpago (“no melhor estilo Senhor dos Anéis”, informa a editora). Ainda neste ano, saem títulos como Demonkeeper – O Guardião do Caos (sobre fera “muito, muito perigosa”) e Bram Hambric (“que segue a linha Harry Potter”).

ENSAIO
De onde vem a criatividade

Um dos maiores pensadores do cyberespaço, o americano Steven Johnson tenta decifrar a origem da criatividade – e por que determinados ambientes parecem mais propícios ao surgimento de boas ideias – em Where the Good Ideas Come From: The Natural History of Inovation, que sai em outubro nos EUA. Por aqui, os direitos estão com a Zahar, que lançou em 2009 A Invenção do Ar.

A coluna de 26/6

No Estadão.com, aqui.

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BABEL

Livro de contos ajudará desabrigados do Nordeste

RAQUEL COZER –  raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

Ronaldo Correia de Brito, Raimundo Carrero, Alberto Mussa e Marcelino Freire estão entre os 19 ficcionistas confirmados para a coletânea Tempo Bom, cuja renda será revertida aos moradores de Alagoas e Pernambuco que ficaram desabrigados com as chuvas dos últimos dias. O projeto foi idealizado na segunda-feira pelo escritor pernambucano Sidney Rocha e já tem editora, a paulistana Iluminuras; como os autores, ela abriu mão do porcentual nos lucros. Vários contos, inclusive inéditos, já foram enviados, e o livro está em produção. Falta a confirmação de dois ficcionistas. Rocha quer mandar o material para a gráfica na próxima quarta e pôr o livro (ainda sem preço definido) à venda nos primeiros dias de julho. “A ajuda financeira deve chegar o mais rápido possível aos locais necessitados. Será uma lição de eficiência, uma cruzada literária”, afirma. Por curiosidade, o escritor tem um conto num projeto similar que a Garimpo Editorial organiza – mas este, em prol do Rio e do Haiti, foi iniciado em março e não deve sair antes de agosto.

CINEMA
Long-seller juvenil

Pedro Bandeira acaba de assinar contrato para a adaptação de seu mais famoso livro juvenil, A Droga da Obediência. O longa será coproduzido pela REC Produtores (responsável por Cinema, Aspirinas e Urubus) e a Gullane (Carandiru). A obra, de 1984, teve mais de 1,5 milhão de cópias vendidas.

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Xuxa e o Mistério de Feiurinha, baseado em outro best-seller do autor, O Fantástico Mistério de Feiurinha, foi o segundo filme nacional mais visto de janeiro a maio de 2010 – perde apenas para Chico Xavier – e o melhor desempenho de Xuxa no cinema em anos.

QUADRINHOS 1
Contra o tempo

A Conrad corre para lançar a tempo da Flip a coletânea Meus Problemas com as Mulheres, de Robert Crumb, e, na Bienal, uma coletânea de histórias de Aline, mulher dele.

QUADRINHOS 2
Obra do canhoto

Uma versão em HQ para A Divina Comédia, de Dante, que sai em agosto nos EUA, teve direitos comprados pela Companhia das Letras. O responsável por ilustrar o Inferno, o Purgatório e o Paraíso do clássico foi Seymour Chwast, conhecido como “o designer canhoto” e estreante em graphic novels.

INTERNET
O Brasil na Biblioteca Mundial


É da Fundação Biblioteca Nacional o arquivo mais acessado na World Digital Library (wdl.org), projeto de digitalização de livros, manuscritos e acervos visuais e sonoros de bibliotecas de 55 países. Trata-se de um mapa da Espanha e de Portugal de 1810 (foto). Juntos, todos os documentos disponíveis tiveram 67 milhões de visualizações desde abril de 2009, quando o site entrou no ar.

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Nesta semana, Muniz Sodré, presidente da FBN, foi eleito membro do Conselho Executivo da WDL. Com os membros criadores – a Biblioteca do Congresso dos EUA e a Unesco – e conselheiros de mais quatro países, ajudará a definir os novos passos do projeto.

VENDAS
Memorial português

A morte de Saramago, dia 18, fez seus livros passarem a vender pelo menos dez vezes o que vendiam nas principais livrarias de São Paulo. A Saraiva, que havia comercializado 188 títulos do dia 13 ao 17, contabilizou 1.873 entre o 18 e o 22. Na Cultura, a venda foi 14 vezes a de antes de o autor morrer. A pedido de livreiros, a Companhia das Letras pôs no mercado mais 30 mil volumes.

NOVA EDIÇÃO
Francês nas prateleiras

Conhecido pelas adaptações que Robert Bresson fez de suas obras Diário de Um Pároco de Aldeia e Nova História de Mouchette, o francês Georges Bernanos (1888-1948) terá seu primeiro livro, Sob o Sol de Satã, de 1926 – que virou filme nas mãos de Maurice Pialat -, editado pela É Realizações. Considerado o mais original entre os autores católicos franceses do século 20, Bernanos andava esquecido no mercado nacional.

Colaborou Antonio Gonçalves Filho

A Babel de 19/6

Abaixo, a coluna de ontem do Sabático. Preciso dizer que foi mais caótico apurar com jogo do Brasil em meio de semana do que costuma ser com feriado…

Antes, para constar: além do Sabático regular ontem circulou o Sabático Especial Saramago, com reportagem de abertura do Toninho (cujas ótimas teorias sobre a obra do autor ficam para uma próxima); entrevista com o Harold Bloom, que o Bira conseguiu na sexta-feira mesmo; texto do Leonardo Boff sobre o ateísmo do (e um encontro com) Saramago; análise do Zanin sobre as adaptações para o cinema;  explicação da Lilia M. Schwarcz para a dialética do coco e texto meu sobre o caminho aberto pelo Memorial do Convento para as novas gerações em Portugal.

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BABEL

Raquel Cozer – raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

Obra holandesa de referência para as artes ganha tradução na íntegra

O clássico O Outono da Idade Média, de Johan Huizinga (1872-1945), terá em outubro sua primeira edição na íntegra em português, com tradução direta do holandês. A obra, de 1919, vem sendo trabalhada há seis anos pela Cosac Naify. A primeira tentativa de versão não deu certo, e só depois disso a editora localizou a tradutora Francis Janssen, filha de holandeses. “Huizinga misturava holandês antigo e moderno, então é difícil entender as nuances”, diz o editor Milton Ohata, que teve colaboração dos historiadores Evaldo Cabral de Melo e Tereza Aline de Queiroz nas leituras do texto. O livro, sobre a arte medieval, destaca-se por abordar a Idade Média como uma era completa em si, e não transitória entre a Antiguidade e o Renascimento. A edição brasileira baseia-se na holandesa de 1997, que restabeleceu o texto original e está fora de catálogo. A maioria das 20 traduções existentes, inclusive a de Portugal, foi feita a partir da versão abreviada inglesa.

EVENTO
Festa no Recife
A 2.ª FreePorto, festa literária criada no Recife como resposta à “prima rica” pernambucana Fliporto, aposta no nonsense para a edição que vai de 3 a 5/12. Após anunciar o Ano da Bulgária no Brasil e o Prêmio Nacional Pierre Menard de Cover Literário, ao qual concorrem os textos “menos originais possíveis”, o evento inicia em julho um jogo interativo que convidará leitores a desvendar um mistério relacionado ao tema do encontro, o conto O Casamento da Raposa.

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Entre os autores já confirmados para o evento estão Mario Prata, Antonio Prata, Nicolas Behr e Ronaldo Correia de Brito.

CINEMA
Policial rumo às telas
Ninguém se Move, policial de Denis Johnson que sai este mês pela Companhia das Letras, está sendo produzido para o cinema numa parceria entre a empresa brasileira RT Features, de Rodrigo Teixeira, e a produtora independente norte-americana This Is That, responsável por filmes como 21 Gramas (2003) e Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004).

AULAS
Capital em livro e vídeo
Um dos maiores especialistas do mundo em Karl Marx, o antropólogo David Harvey lançou há pouco o livro A Companion to Marx”s Capital, cujos direitos acabam de ser comprados pela Boitempo. A obra é uma compilação das aulas sobre o volume 1 de O Capital, que Harvey ministrou por 40 anos na City University de Nova York – e que, em 2008, já haviam ganhado versão em 13 vídeos, disponibilizados em davidharvey.org.

ORIGINAIS
Indiscrições na rede 1
Um autoidentificado “agente literário rabugento” criou um blog para destacar mensagens embaraçosas recebidas de autores inéditos. Fica em slushpilehell.tumblr.com (algo como “inferno de pilha de originais”) e inclui tentativas como “Olá. Você é um agente visionário que quer levar o estagnado mercado de ficção a novos patamares?”. A descrição do blog diz: “Relaxem, autores. SlushPile Hell nunca vai zombar de conceitos de livros nem transcrever amostras. Estes são só trechos isolados que vocês têm que admitir que são… Ah, não importa, vocês vão ficar chateados de qualquer jeito.”

BLOG
Indiscrições na rede 2
Em encontro com blogueiros na quarta-feira, em São Paulo, para divulgar e reunir opiniões sobre o blogdacompanhia.com.br, o editor Luiz Schwarcz ouviu a sugestão de que a página passasse a incluir textos de editores e autores com bastidores da criação de livros. “É preciso cuidado para não ferir a ética”, comentou, “mas já avisei a Maria Emilia (Bender, editora) de que ainda escrevo um post chamado Sexo, Drogas e Originais”.

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Blogueiro de primeira viagem, Schwarcz tem feito sucesso com textos como aquele em que conta como levou Rubem Fonseca para a Companhia. Chegou a tentar escrever um sobre como a editora deixou de comprar os direitos de Harry Potter, mas notou que não poderia fazer isso sem “ferir a ética”.

A coluna de 12/6

Na primeira imagem, os registros números 19, 20 e 21 do primeiro livro de registros da Fundação Biblioteca Nacional, em 1899: O Coruja, Casa de Pensão e O Cortiço, de Aluizio de Azevedo. No Estadão.com, a Babel tá aqui.

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BABEL

Raquel Cozer – raquel.cozer@grupoestado.com.br – O Estado de S.Paulo

Biblioteca Nacional alcança a marca de meio milhão de obras registradas

No mês em que o direito autoral chega ao centro da discussão política no País – depois de amanhã, o Ministério da Cultura lança a consulta pública do Anteprojeto da Lei de Direitos Autorais -, a Fundação Biblioteca Nacional alcançará a marca de 500 mil obras intelectuais registradas. Isso deve ocorrer em até duas semanas, segundo o responsável técnico Jaury de Oliveira, do Escritório de Direitos Autorais. O dado curioso é que, no intervalo de quase cem anos entre o primeiro registro – o livro Lithographia e Chromolithographia, de León de Rennes, em 1899 – e 1995, só 90 mil obras foram registradas; as outras 410 mil o foram nos últimos 15 anos. “O aumento é progressivo. O tema ganhou relevo graças aos meios digitais”, diz Oliveira. Ele ressalta, porém, que parcela “surpreendente” das obras é “de gente simples, como agricultores e garis”. Em tempo: segundo o artigo 19 da lei 9.610/98, o registro de autoria em órgão público é facultativo.


LOJAS

Empréstimo de e-books

A Saraiva estreou na quarta, no http://www.saraiva.com.br, sua loja de e-books. A empresa entra nesse mercado dois meses depois da Livraria Cultura e aponta como diferencial a criação de aplicativo próprio para o usuário acessar os livros eletrônicos, o Saraiva Digital Reader. Sérgio Herz, diretor de operações da Cultura, diz que é “igualzinho” ao leitor da Adobe, usado por sua livraria.

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Em breve, a Saraiva deve disponibilizar um recurso para empréstimo de e-books. O dono do livro envia um link para um amigo baixá-lo, mas fica impossibilitado de lê-lo enquanto não for devolvido. Se precisar, pode “desemprestá-lo” com um clique. Herz afirma que a Cultura também tem tecnologia para isso, mas que ainda não oferece o serviço por considerá-lo burocrático.

DVD
Gullar por Gullar

O Instituto Moreira Salles lança, no segundo semestre, um DVD com Ferreira Gullar lendo a íntegra de seu Poema Sujo – obra de 1976 produzida no exílio, em Buenos Aires, e tida como sua obra-prima. A filmagem foi realizada em 2006 por João Moreira Salles e Walter Carvalho e sai por ocasião dos 80 anos que o poeta completa neste ano.

INFANTIL
A velha e a mosca

Vencedor do prêmio Opera Prima na última Feira de Bologna, There Was An Old Lady, de Jeremy Holmes, será lançado no Brasil pela Amarilys, após leilão entre seis editoras. Considerado uma “delícia tipográfica” pelo júri do evento – o próprio livro é o corpo da personagem central -, sai em outubro, como Tinha Uma Velhinha Que Comeu uma Mosca (foto).

CONTOS
Depois do Booker Prize

Quando levou o Booker Prize por O Tigre Branco, em 2008, o indiano Aravind Adiga chamou atenção por ser estreante na literatura. Seu mais recente livro, no entanto, foi escrito antes do romance. Trata-se de Entre os Assassinatos, que sai em novembro pela Nova Fronteira. São 12 contos interligados, situados entre 1984 e 1991, anos em que Indira e Rajiv Gandhi foram mortos.

TRADUÇÃO
Para estrangeiro ver

Tem muitas incorreções a recente tradução de Boleros em Havana, de Roberto Ampuero, lançada pelo selo Bonobo. Assinada por Viviane Vieira, inclui erros de português (como “mau-humorados”) e trechos sem sentido (como “terrível equívoco, pelo qual alguém deve estar pagando a pratos rotos” e “as intermináveis filhas dos que esperavam resignação por um pedaço de pão”).

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Contatada pela coluna, a Novo Século, detentora do selo, afirmou que já havia detectado problemas na tradução e que recolherá o livro antes de lançar uma nova edição. Quem tiver comprado o título pode falar com a editora pelo tel. (0 –11) 3699-7107.

Colaborou Roberto Muniz

Sábado

Nah, a imagem não tem nada a ver com o texto que posto a seguir, da coluna Babel, publicada no Sabático de 5/6. Mas é que comecei a achar P&B demais o blog.

Só uma tarde dessas de sábado, no Ibirapuera, com sol, jornal e preguiça.

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BABEL

Raquel Cozer

DIGITAL
Distribuidora brasileira segue tendência internacional

A recém-anunciada Distribuidora de Livros Digitais (DLD), plataforma de hospedagem e distribuição de e-books com participação das editoras Objetiva, Record, Sextante, Intrínseca, Rocco e Planeta, aponta para uma tendência do mercado internacional. Neste ano, três grandes iniciativas similares foram anunciadas na Espanha, na França e na Itália. A versão espanhola chama-se Libranda, inclui as gigantes Planeta, Santillana e Random House Mondadori e inicia atividade na próxima semana. O projeto francês, a ser lançado também neste mês, junta três plataformas que surgiram isoladas: a Numilog (da Hachette), a Eden Books (Gallimard, Flamarion e La Martinière/Le Seuil) e a Eplateforme (Editis, Média Participations e Michelin). Na Itália, Rizzoli e Feltrinelli se uniram na plataforma Digita. Em todos os casos, a proposta é permitir a venda de e-books só para lojas com tecnologia adequada, para reduzir a pirataria, e evitar o que ocorreu nos EUA, onde as editoras, despreparadas para o mercado digital, bateram de frente com imposições da Amazon.

TRADUÇÃO

Quase cinco séculos depois

O clássico Le Vite de” Più Eccellenti Architetti, Pittori et Scultori Italiani, de Giorgio Vasari (1511-1574), terá sua primeira edição brasileira no início de 2011, mais de 460 anos depois de sair na Itália. Também chamada de As Vidas dos Artistas, a biografia de nomes como Michelangelo e Leonardo tem mais de 600 páginas e foi vertida por Ivone C. Benedetti para a Martins Fontes.

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Tradutora de italiano e francês, Ivone teve seu primeiro romance, Immaculada (2009), anunciado há uma semana como finalista na categoria autor estreante do Prêmio SP de Literatura. A obra saiu pela Martins Fontes, que em geral não publica ficção adulta, mas abriu exceção para sua colaboradora.

PREMIAÇÃO
Mulheres finalistas

Ainda sobre o Prêmio SP de Literatura, chamou atenção o fato de os dez finalistas na categoria livro do ano serem de autores homens, enquanto oito dos dez finalistas na categoria autor estreante são de mulheres. A curiosidade é que a proporção de concorrentes do sexo feminino foi quase a mesma nas duas categorias: livros delas representaram 26% dos 88 títulos inscritos em livro do ano, e 31% dos 129 em autor estreante.

PARIS
Revista literária

A tradicional livraria Shakespeare and Company voltará a editar a revista Paris Magazine, que teve três edições, de 1967 a 80, sob comando de George Whitman. Fatema Ahmed, ex-editora da Granta, cuidará da nova publicação, cuja primeira edição terá tradução de poema de Apollinaire por Lawrence Ferlinghetti e conto de Marie NDiave. Em duas semanas, no festival bianual da livraria, será anunciado ainda um prêmio de 10 mil para novelas, publicadas ou não.

JUVENIL
Acima da expectativa

Previstos para 1.º de julho, os dois primeiros livros juvenis de Mauricio de Sousa (com Antonio Carlos Vilela) já tiveram mais de 100 mil pedidos em pré-venda. Somadas, as tiragens de Coisas Que os Garotos Devem Saber e Coisas Que as Garotas Devem Saber seriam de 40 mil cópias, e a Melhoramentos agora soltará 120 mil. Os títulos têm Mônica e Cebolinha na mesma versão em mangá da Turma da Mônica Jovem.

BIOGRAFIA 1
Revelações de Johnny Cash

A Leya lança no fim do ano a tradução de Cash: The Autobiography, memórias do músico Johnny Cash. Retratado nos últimos anos no filme Johnny e June e na HQ Johnny Cash: Uma Biografia, o músico escreve na capa da edição americana de 2003: “Se minha vida tem algo a dizer, vou dizer isso aqui.”

BIOGRAFIA 2
A volta do Kafka de Crumb

O grupo Ediouro aproveitará a vinda de Robert Crumb para a Flip e colocará nas livrarias a biografia Kafka de Crumb, com cartuns do americano e texto de David Z. Mairowitz. O livro saiu pela extinta Relume Dumará em 2006, pouco depois de a Ediouro adquirir a editora. A nova edição sai em julho pela Desiderata, que também pertence ao grupo.

Retrato de um viciado

A Companhia das Letras avisa, por e-mail, que publicará Portrait of an Addict as a Young Man, de Bill Clegg, livro sobre o qual escrevi na última coluna Babel. As memórias do agente literário que já foi viciado em crack devem sair por aqui em maio do ano que vem, sob o título Retrato de um Viciado quando Jovem.

Aqui, o trecho que foi publicado na New York Magazine.

No Sabático de 1/5

Texto sobre Afluentes do Rio Silencioso, a.k.a. Lowboy, de John Wray

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Dentro da mente e sob o solo

Reconhecido pela crítica e pelo público dos EUA, John Wray, de 38 anos, fala sobre Afluentes do Rio Silencioso, romance que narra a saga de um garoto esquizofrênico pelos metrôs de Nova York

Raquel Cozer – O Estado de S.Paulo

Num vídeo que corre na internet, o escritor John Wray e o ator Zach Galifianakis (de Se Beber, Não Case) invertem papéis, e Wray, bancando o repórter, bombardeia o outro com perguntas repisadas como “Por onde você começou o romance?” e “Qual sua inspiração para criar a personagem Violet?”. A cena foi pensada em 2009 para divulgar o terceiro livro de Wray, Lowboy, e acabou servindo à perfeição para uma situação que o autor americano passaria a viver com frequência desde então.

Elogiado pela crítica de seu país já no romance de estreia, The Right Hand of Sleep (2001), e eleito em 2007 um dos melhores jovens romancistas americanos pela prestigiosa revista inglesa Granta, Wray alcançou o interesse de um público amplo graças a Lowboy, lançado agora por aqui como Afluentes do Rio Silencioso. A história de William Heller, garoto esquizofrênico de 16 anos que escapa da clínica psiquiátrica e empreende uma saga pelo metrô de Nova York, tinha todos os ingredientes para firmar Wray como astro literário. Com linguagem e narrativa trabalhadas nos menores detalhes, mas também pensado de forma a não obscurecer a leitura, o romance recebeu críticas carregadas de elogios de veículos como a New Yorker e o New York Review of Books, ao mesmo tempo em que evidenciou o perfil pop do autor.

Aos 38 anos, visual criteriosamente blasé e enorme talento para aparições em vídeo, Wray passaria sem dificuldade por um músico de grupo indie (chegou, inclusive, a fazer parte de bandas, “mais por amor à música que por habilidade”). Nasceu John Henderson, mas passou a usar o sobrenome com que assina seus romances por influência de King Kong, o filme de 1933 – sua argumentação para isso envolve a atriz Fay Wray e o costume adolescente de pensar no gorila gigante carregando-o sempre que tinha preguiça de levar alguma tarefa a cabo.

[…]


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A íntegra do texto está aqui. O texto do John Wray sobre as músicas que ouviu enquanto escrevia o romance, de que falo ao fim da reportagem, está aqui. E e o vídeo a que me refiro no primeiro parágrafo está abaixo.

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E a coluna Babel, a seguir. Antes, os Moomins, sobre os quais escrevo na segunda nota, na versão infantil e na versão mais adulta e nonsense que foi parar nos jornais (e cuja edição pela Drawn & Quarterly foi indicada ao Eisner em 2007)

Moomin para crianças...

...e na versão nonsense

Babel

Filme na web tenta desvendar o que é má literatura

Tem estreia prevista para agosto – na internet, mesmo – o documentário Bad Writing, que o americano Vernon Lott vem produzindo desde 2007. Lott selecionou poemas que escreveu na adolescência e entrou em contato com mais de 100 nomes do universo literário, para que analisassem seus textos e, além disso, falassem sobre seus próprios primeiros passos como escritores. “Cerca de 75% dos autores que procurei nem se dignou a responder, mas os que falaram foram receptivos à ideia de desmistificar a evolução do processo criativo”, disse o documentarista a esta coluna. Margaret Atwood, David Sedaris e outros falam sobre tropeços de início de carreira e a respeito de gente como a irlandesa Amanda McKittrick Ros (1860-1939), “amplamente considerada a pior escritora em língua inglesa”, e o americano Theodore Dreiser (1871-1945), “estimado e, ainda assim, muito ruim”, segundo Lott. Com uma hora e meia de duração, o filme terá legendas em idiomas ainda não definidos. O trailer pode ser visto em vimeo.com/10913506.

QUADRINHOS
Moomins enfim em português

A Conrad lança neste ano o primeiro livro em português da série de tiras Moomin. Criados como personagens infantis pela finlandesa Tove Jansson nos anos 40, os seres arredondados acabaram adaptados para tiras adultas. Os livros infantis foram muito populares, mas a versão nonsense serializada por jornais ficou esquecida até 2006, quando a editora Drawn & Quarterly publicou o primeiro livro de uma coleção.

AUTOFICÇÃO
Drama real reconstruído

Vencedor do prêmio de melhor ficção de 2009 do jornal Los Angeles Times, A Happy Marriage, do americano Rafael Yglesias, foi comprado pela Record. Yglesias, roteirista de filmes como Os Miseráveis, transformou a história real de seu casamento até a morte da mulher, com câncer, num “trabalho de arte e da imaginação”, segundo o jornal New York Times.

DIREITOS
Tony Judt em três obras

Prestes a publicar Reflexões Sobre um Século Esquecido, de Tony Judt, a Objetiva já adquiriu os direitos de duas outras obras: Ill Fares the Land, recém-lançado nos EUA, e um volume de ensaios que vêm sendo publicados no New York Review of Books. Num deles, Night, Judt relata como é atravessar as noites com a esclerose lateral amiotrófica, doença que o tornou paraplégico – “como uma múmia moderna, sozinho na minha prisão corporal, acompanhado somente por meus pensamentos”, escreve.

PREMIAÇÃO
Trailers de livros

A editora americana Melville House acaba de lançar o 1º Moby Awards (2010mobyawards.wordpress.com), que premiará trailers de livros em categorias como o melhor com baixo orçamento, o que traz melhor aparição do autor e o menos propenso a ajudar nas vendas. A entrega será em 20 de maio.

TRADUÇÃO
Estreia em francês

À Margem da Linha, romance escrito nos anos 80 por Paulo Rodrigues e publicado em 2001 pela Cosac Naify – o que tirou do anonimato o então assessor sindical nascido na periferia de São Paulo -, acaba de ser lançado na França pela editora Folies D”Encre, que já publicou por lá autores como Carlos Heitor Cony e Moacyr Scliar.

NO BRASIL
Presenças na Bienal e na Flip

O norueguês Jostein Gaarder, do aclamado O Mundo de Sofia – livro de 1991 que, traduzido para mais de 50 idiomas, iniciou milhões de jovens no universo da filosofia -, estará na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto. Dois meses antes, a Companhia das Letras lança O Castelo dos Pirineus, de sua autoria.

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O britânico Peter Burke, especialista em Idade Moderna Europeia, dividirá mesa com o americano Robert Darnton na Flip, anunciou a organização. Maria Lucia Burke, mulher de Peter, estará em um debate sobre Gilberto Freyre. Ela ajudou o evento a organizar a homenagem ao sociólogo.